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 felca damares

Um vídeo denunciando adultização das crianças rendeu ao youtuber Felca, que parece bem íntimo da rede Globo.

Só porque alguém fala o óbvio de forma criativa, persuasiva e com um roteiro envolvente sobre um tema delicado, não significa que suas intenções sejam o que parecem. Eu nunca tinha ouvido falar do Felca. Para ser sincera, continuo sem saber muito sobre ele e não estou entre os 13 milhões de pessoas que decidiram segui-lo depois de um único vídeo. Nesse ponto, nem sou a melhor pessoa para falar sobre esse youtuber desconhecido que virou fenômeno — mas talvez justamente por estar vendo tudo de fora, valha deixar aqui uma reflexão.

Ao assistir um trecho do vídeo, percebi criatividade, até certa verdade no conteúdo e nenhuma novidade, mas havia algo que não batia. Quando ele passou a ser assunto em todos os lugares, minhas desconfianças começaram a fazer sentido. E, quando o que ele disse “uniu” o país em torno do tema da adultização de crianças, entendi que essa figura — usada conscientemente para isso ou não — cumpriu algumas missões muito convenientes.

1ª missão: distrair o Brasil, desviando o foco das revelações feitas por Mike Benz, na semana passada, e pelo ex-assessor de Moraes, Eduardo Tagliaferro, na “Vaza Toga”. Essas denúncias tomaram o noticiário internacional, mas seguem sendo ignoradas pela grande mídia brasileira. Era preciso tirar o debate público dessa esfera, para evitar que ficasse ainda mais evidente o envolvimento da própria imprensa no esquema.

2ª missão: transformar o assunto em prioridade na Câmara. De repente, o deputado Motta resolveu dar urgência a uma pauta antiga, como se fosse preciso “salvar todas as crianças do Brasil imediatamente”, mascarando sua completa falta de humanidade por não priorizar a pauta da anistia. Cada figura do sistema precisava de uma cortina de fumaça — e o Felca foi, para eles, como uma luva.

3ª missão: acelerar a censura nas redes sociais. O governo tenta há muito tempo emplacar a regulação, e agora usa a narrativa do Felca para torná-la urgente e inadiável, alegando querer “proteger as crianças”. Corrupção no Executivo, crimes e abusos no Judiciário, omissões no Legislativo e a conivência da grande imprensa precisam continuar ocultos. A liberdade de expressão nas redes, que expõe vídeos, fotos e informações que revelam a hipocrisia do sistema, é uma ameaça que precisa ser eliminada com urgência. E nada melhor do que usar a desculpa de impedir a adultização infantil para isso.

Quando vi o vídeo do Felca comemorando a retirada do X do ar e agradecendo Alexandre de Moraes, a hipótese de que ele tenha sido plantado pela esquerda para dizer exatamente o que disse só se fortaleceu. Além de contribuir para a implantação da censura, ele ficou milionário. E, de quebra, construiu-se um personagem e uma causa que nunca foram prioridade para a esquerda. Sério que o PT é contra a sexualização infantil? Que quer proteger crianças de pedófilos? Isso é não só falso, mas de um cinismo grotesco.

Afinal, estamos falando de quem criou o “kit gay”, aplaudiu crianças tocando em um homem nu como se fosse “arte”, zombou do depoimento de Damares sobre ter sido estuprada na infância, perseguiu-a quando denunciou abusos na Ilha de Marajó e, sistematicamente, protege pedófilos e promove crianças em paradas LGBT com cenas explícitas de sexo. Agora, essas mesmas pessoas se dizem defensoras das crianças e colocam como “solução”… censurar as redes sociais? É tão incoerente quanto a esquerda começar a defender o armamento da população.

Esses nunca defenderam nem o direito de nascer: apoiam o aborto até o nono mês. Ver um petista contra abuso infantil é como vê-lo contra as drogas: só se for encenação. E é exatamente isso que estamos vendo no caso Felca — uma encenação com objetivo político claro.

felca

Damares sempre foi ridicularizada pela imprensa ao denunciar a mesma coisa. A meta não é proteger crianças, é calar todos.

E por que pessoas que fizeram vídeos semelhantes, denunciando até o tal Hítalo Santos, foram criminalizadas, censuradas e os vídeos delas tiveram que ser apagados das plataformas? Foi o que aconteceu com Antônia Fontenelle. No caso do Felca, seu vídeo circula sem problemas e a conta do Hytalo foi derrubada sem problemas. Se a intenção fosse realmente proteger crianças, Damares, Fontenelle e tantos outros teriam sido ouvidos décadas atrás. Quantos vídeos Damares já fez denunciando estupros até de bebês? Quantas manchetes sobre crimes bárbaros contra crianças foram ignoradas pelo debate público? Mas bastou o Felca postar um vídeo para mobilizar milhões. Estranho, no mínimo.

Todos sabem das estatísticas de abuso infantil no Brasil. Felca não disse nada novo. E regular redes não vai impedir a pedofilia — assim como desarmar a população nunca impediu a violência. Quem quer cometer crime, encontra outro meio. É possível, sim, criar mecanismos que dificultem o acesso de crianças a certos conteúdos e também chegar aos pedófilos e consumidores de pornografia infantil, excluindo suas contas. É possível mecanismos que inibam o crescimento desse tipo de conteúdo. Quando eles querem, eles sabem muito bem fazer. O problema é que a única solução que eles impõem é a regulação das redes. O que está claro é a urgência de nos calar.

felca fontenelle

Antônia Fontenelle foi obrigada a tirar das plataformas o vídeo em que ela faz a mesma denúnia sobre Hítalo Santos. O que mudou?

É como amputar o pé para tratar uma unha encravada. Usar esse argumento para regular as redes é desproporcional e enganoso.

Felca agora é entrevistado por todos os programas da Globo e exaltado por agências que receberam milhões da USAID. E quem não o apoia é acusado de cumplicidade com pedófilos. O Brasil sabe que essa sempre foi uma bandeira da direita, enquanto a esquerda sempre resistiu, defendendo ideologia de gênero, cirurgias de transição em menores e outras pautas do mesmo espectro.

O pior na esquerda é essa aparência de piedade: ela não se apresenta de forma escancarada, mas disfarçada, com um discurso que engana os incautos. E, neste caso, enganou até gente que parecia vacinada contra esse tipo de manipulação.

Precisamos parar de dar palco a essa hipocrisia e voltar ao que realmente importa. Não que as crianças não importem, mas a luta pela liberdade é a única forma de protegê-las de fato. Se nos calarem, não conseguiremos defender nem a nós mesmos, muito menos nossas crianças. O Brasil falha em muitas áreas — e a proteção infantil é uma delas. Felca não trouxe novidade alguma, mas conseguiu fazer milhões pararem para aplaudi-lo como se fosse inédito. Os mesmos que ignoraram e criminalizaram quem falou exatamente a mesma coisa no passado, agora tratam esse desconhecido como herói e símbolo da proteção das crianças. Por favor, menos!

O que temos é um país com centenas de presos políticos, em falência econômica, fruto de corrupção, má gestão e ausência de diplomacia, e prestes a ser calado de vez. Eles não querem salvar crianças. Querem salvar a si mesmos das consequências de seus crimes. E, para isso, é urgente nos silenciar.

Adriana Garcia

Jornalista na Amazônia

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