Emocionar-se com uma história do passado, ignorando histórias piores no presente, merece um Oscar: o da hipocrisia.

Sobre o Oscar para o filme brasileiro, não sou obrigada a falar de todos os assuntos. Cada um vibre com o que lhe interessa. Tem gente vibrando no carnaval com o grito "sem anistia" para inocentes presos políticos. Isso é um terror moral, sem precedentes. 

Quem sabe, quando NÓS NÃO ESTIVERMOS MAIS AQUI, alguém consiga retratar, com fidelidade de detalhes, tudo que o Brasil está vivendo hoje, com essa tirania do judiciário, acobertada e apoiada pela globo e por seus jornalistas e artistas lacradores, aplaudida pela esquerda, só porque foi essa "justiça" que tirou seu ladrão da cadeia e o colocou na presidência. 

Para essas pessoas, não importa democracia. Eles usam o termo com má-fé, levianamente, enquanto a extinguem, na prática. Eles se desumanizam celebrando a morte e prisão de oponentes políticos, e ignorando o caos econômico e social desse desgoverno que usurpou o poder com a imposição de um só homem. 

Eles ignoram a existência de uma insegurança jurídica que está falindo a nossa nação. Eles vivem entorpecidos por um "Brasil" que criaram para chamar de seu, onde não permite oposição, onde se festeja um filme que, segundo os participantes, só foi possível porque Lula "ganhou". Um Brasil que celebra um filme que ignora o totalitarismo vigente. Chora e se emociona com uma história do passado enquanto é indiferente quanto à viúva do inocente Clezão.

Meu desejo sincero é que, quando nenhum de nós estivermos mais aqui, algum corajoso possa retratar o que aconteceu em 2022, 2023. 2024, e enquanto essa ditadura durar. Inclusive, não esqueça de registrar um filme dentro do outro. Não esqueça o detalhe de quando se celebrava a conquista do Oscar por um filme que é crítico à ditadura militar, os mesmos celebravam a prisão de centenas de inocentes gritando "sem anistia" no carnaval e em todas as oportunidades. São os amantes de si mesmos, que não estão nem aí para a liberdade dos outros, se a sua está garantida. Não estão nem aí para a fome dos outros, se a sua mesa está farta. Não estão nem aí para seu país, se têm como viver abastados em qualquer lugar do mundo. A hipocrisia brasileira ganhou o Oscar. 

Adriana Garcia

Jornalista na Amazônia