
O cristianismo deve ser visto fora das quatro paredes da igreja e deve interferir em todas as nossas escolhas e opiniões
Quando Jesus entra na vida de alguém, não é apenas a salvação do espírito que acontece. Inicia-se também um processo de transformação em todas as áreas dessa pessoa. Não há como mudar apenas hábitos religiosos: os valores passam a ser os valores de Jesus.
Foi assim com Zaqueu, principal dos publicanos — um cargo político de destaque. Ele reconheceu seus pecados, arrependeu-se e mudou sua postura inclusive em seu trabalho. A fé verdadeira não se limita às paredes da igreja; ela se torna ainda mais necessária fora dela. Nossas escolhas, relacionamentos e decisões passam a ser filtrados pela verdade de Cristo.
Por isso, não posso deixar Cristo fora das minhas escolhas políticas. Isso não deveria ser motivo de crítica, pois levo Cristo comigo. Não há como separar o inseparável.
A pena de morte na perspectiva bíblica
A pena de morte foi instituída pelo próprio Deus. Ele disse: “No dia em que dela comeres, certamente morrerás”. Havia um limite, e se fosse ultrapassado, o resultado seria a morte. Alguns podem achar esse discurso divino opressor. Paciência. A Bíblia não muda conforme a opinião humana.
O homem escolheu ultrapassar o limite, ouvindo a serpente que dizia que desobedecer não traria consequências, mas sim privilégios que Deus havia ocultado. Além disso, surgiu a tendência de culpar outros — até mesmo a Deus — pelas próprias escolhas. Isso soa familiar? Vitimismo, irresponsabilidade, terceirização da culpa...
Mas voltemos à pena de morte: todos nós tínhamos uma sentença de morte. Porém, Cristo morreu em nosso lugar e nos deu a oportunidade de viver para Ele, livres da condenação. Ele é a solução para a morte! Nenhum esforço humano pode retirar a condenação do pecado — somente Jesus.
A Bíblia afirma que já não há condenação para os que estão em Cristo Jesus. Tanto as verdades duras quanto as verdades consoladoras valem para todos, sem distinção de cultura, religião, ideologia, gênero ou idade.
O cristão e a pena de morte
Pode um cristão defender a pena de morte para um criminoso? Não seria essa uma vida que Deus pode transformar? Sim, mas uma coisa não invalida a outra.
Se você é contra a pena de morte por ser cristão, poderia ter evangelizado essa pessoa antes que ela se tornasse criminosa. Fez isso? Não? Ainda pode visitá-la antes da execução. Fez isso? Não? Então por que o inocente que esse criminoso matou teve de receber a pena de morte sem culpa alguma?
Talvez você diga que há falhas nas investigações e inocentes podem ser condenados. Concordo, mas pergunto: você se importa com os inocentes que já morrem diariamente vítimas da violência, da corrupção, da falta de saúde e de justiça? A pena de morte, na prática, já existe no Brasil. Ela vem pelas mãos de bandidos, amparados por leis frouxas, tão enganosas quanto as palavras da serpente no Éden: “Faz o que quiser, nada acontecerá com você, e ainda será promovido”.
Limites, justiça e proteção
Para que a sociedade funcione, precisamos de regras claras. Os que obedecem devem ser protegidos por elas; os que desobedecem, punidos. Se isso soa como opressão, paciência. O Deus que conheço é um Deus de limites e disciplina — e isso existe por amor!
Tire os limites e a insanidade tomará conta, rebaixando-nos a animais irracionais. O que você chama de opressão, eu chamo de proteção.
Quanto à morte eterna, vítimas e criminosos têm a mesma oportunidade de vencê-la em Cristo. Todos os pecados podem ser perdoados, mas os crimes precisam de punição justa. O perdão espiritual não elimina a necessidade de resposta social. Não parece justo prestigiar quem erra em detrimento da dor de quem nada fez. Quantos inocentes entregam tudo em um assalto e ainda assim são executados?
Quem é contra a pena de morte deveria também se preocupar com as mortes das vítimas. Querer justiça aqui não é ir contra Deus; pelo contrário, Ele é a própria justiça.
Coerência cristã
O diabo veio para matar, roubar e destruir — e tem feito isso através de governos corruptos. Não posso ser contra a pena de morte e, ao mesmo tempo, apoiar ou me omitir diante de tantas mortes. Isso seria incoerente.
Defendo leis justas e penas proporcionais ao crime. Pessoas que não pagam por seus erros tendem a repeti-los, trazendo consequências ainda mais graves para a sociedade. Exigir justiça do Estado não é discurso de ódio, é apenas a lei de causa e efeito.
O governo perfeito só existirá em Cristo, mas isso não significa que devemos cruzar os braços diante da legalização e normalização do pecado. Não quero ser cúmplice, omissa ou covarde diante da destruição da minha nação.
Cristianismo inseparável
Alguns dizem: “Não misture as coisas”. Eu digo: “Não separe as coisas”! O meu cristianismo deve estar presente em todas as minhas relações.
Deus escolheu um povo para que, através dele, famílias e nações fossem abençoadas. Ele tem planos para as nações, e quero cooperar com Ele nessa missão. O sangue de Jesus comprou povos e nações. Se o que conheço de Deus só serve dentro da igreja, então ainda não O conheço de verdade.
Mesmo que tudo piore, não será por minha conivência. Acima de tudo, escolhi ser cristã.
Adriana Garcia
Jornalista na Amazônia
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