Dep. Estadual R. Nelson questiona o abandono do Teatro das bacabeiras pelo governo do estado que está fechado há 5 anos.
A semana promete movimentar a cultura em Macapá. O prefeito Dr. Furlan anunciou em suas redes sociais que o primeiro teatro municipal da capital será entregue nesta sexta-feira (19), às 9h, em uma cerimônia aberta ao público.
O novo espaço é um marco para a classe artística, que estava há cinco anos sem um local adequado para realizar seus espetáculos, conferências e eventos culturais, pois o único teatro da cidade, teve sua última apresentação em março de 2020. A velocidade e qualidade da obra que será entregue — características da atual gestão municipal — despertaram elogios, mas também cobranças nas redes sociais: o foco agora se volta para o Teatro das Bacabeiras, responsabilidade do governo estadual e continua fechado há meia década, em avançado estado de deterioração.
“Se fosse responsabilidade da prefeitura, o nosso Teatro das Bacabeiras já estaria pronto há muito tempo”, comentou um internauta, refletindo o sentimento de frustração de parte da população.

Tanto a estrutura do prédio, como os móveis estão se deteriorando e os artistas sem lugar para se apresentarem.
Há quem peça, inclusive, que o governo do Estado transfira a responsabilidade da reforma para a prefeitura. O deputado estadual R. Nelson (PL) esteve no local e constatou o abandono das instalações. Ele, que se posiciona como principal e única voz de oposição ao governo Clécio na Assembleia Legislativa, voltou a denunciar o ritmo lento das obras estaduais — característica que o fez apelidar o atual governo de “tartaruga cansada”.
Segundo o parlamentar, a Caixa Econômica Federal já liberou R$ 10 milhões para a reforma, mas o governo não consegue explicar por que o serviço segue paralisado. “Cada ano que o teatro fica fechado, o custo da recuperação aumenta e o patrimônio público se deteriora. Quem vai pagar essa conta somos nós, os contribuintes”, desabafou uma moradora que reside próximo ao local e sempre que olha, fica revoltada com o descaso.
O Novo Teatro Municipal de Macapá
Localizado na Avenida FAB com Cândido Mendes, o novo teatro municipal recebeu um investimento de R$ 15.637.063,05, sendo R$ 10.572.612,00 de emenda parlamentar da então deputada federal Sonize Barbosa, com contrapartida de R$ 5.064.451,05 do Tesouro Municipal.
O prédio é moderno, mas incorpora elementos que homenageiam a identidade amazônica: a cobertura é em formato de ondas, simbolizando o Rio Amazonas e a fachada é em forma de canoa, celebrando as comunidades tradicionais.
Com área projetada de 1.076,75 m², o espaço conta com palco e mezanino para até 30 pessoas; foyer de recepção; plateia com 108 cadeiras móveis e arquibancada para 288 lugares; areas acessíveis e estacionamento e capacidade total de 400 espectadores.
“Como o prefeito conseguiu construir um teatro do zero em pouco mais de um ano, e o governador, com muito mais recursos, não consegue reformar o Teatro das Bacabeiras?”, questionou um produtor cultural, que preferiu não se identificar para evitar represálias.

Com capacidade para 400 pessoas, o Teatro Municipal promete abrigar a cultura e também ser mais um lindo cartão postal da cidade.
Homenagem e Programação de Estreia
O novo espaço cultural será batizado de Teatro Municipal Fernando Canto, em homenagem ao renomado escritor, sociólogo, professor e dramaturgo amapaense, Fernando Pimentel Canto (1954-2024), figura central na valorização da cultura do estado e autor de mais de 20 livros, incluindo peças teatrais e estudos sobre a história e as tradições do Amapá.
A inauguração será marcada por um espetáculo às 19h, com presença do tenor brasileiro Arancam, para convidados e artistas locais. No sábado, o tradicional Bar Caboclo se apresenta, e a partir de segunda-feira, uma programação diversificada estará disponível para toda a população — os detalhes serão divulgados nas redes sociais e no site da prefeitura.
Impacto Cultural e Social
O novo teatro será palco de apresentações de teatro, música, dança, óperas, stand-up, leitura de poesias, performances multimídia e eventos em geral. A expectativa é que o espaço se torne novo cartão postal de Macapá e fomente a economia criativa, valorizando artistas e proporcionando maior acesso da população à cultura.
Depois de cinco anos sem lugar para se apresentar e sem ter um local apropriado para apreciar a cultura, artistas e público finalmente terão um lugar para se reencontrar com a arte. A entrega deste teatro não apenas supre uma carência cultural, mas também lança luz sobre o contraste entre a eficiência da gestão municipal e o impasse em torno da reforma do histórico Teatro das Bacabeiras que segue fechado.
Adriana Garcia
Jornalista na Amazônia
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