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 cop belem

O mundo todo verá o resultado da agenda climática na vida de quem mora na Amazônia brasileira.

O fim do espetáculo?

Será que agora o espetáculo chega ao fim?
Afinal, a conferência climática em Belém do Pará desmonta esse teatro que tem custado vidas na Amazônia ao longo de sua história.

Em 1979, aconteceu em Genebra a Primeira Conferência Mundial do Clima. De lá para cá, várias outras conferências condenaram o futuro de uma parte do planeta em detrimento do desenvolvimento de outra.
E adivinha qual é a parte condenada? A Amazônia brasileira.

Décadas de promessas e novas narrativas

Rio 92, Protocolo de Quioto em 1997, Acordo de Paris em 2015…
E agora a COP, que muda a rotina da capital do Pará, segue seu curso numa tara por interferir em algo que homem nenhum pode conter: as alterações climáticas.

Eles, que não sabem sequer onde jogar o próprio lixo, dizem ter a solução para o clima.
Quando o termo “climática” saturar, inventarão outro.
Já foi “efeito estufa” no passado. E há quem siga acreditando.

Recursos que nunca chegam

Se eles mandam recursos para nos obrigar a viver no atraso — para “compensar” o desmatamento que fazem lá nas terras deles — agora vão saber que esses recursos nunca chegaram ao destino.

Mudam o nome de Fundo da Amazônia para Fundo Verde ou crédito de carbono, mas no fundo, no fundo mesmo, o objetivo é mentir e lucrar.
É encontrar um destino para o dinheiro que não chega nem perto do povo da floresta.

Enquanto isso, do lado de fora…

Enquanto fazem suas negociatas lá dentro, fora está o esgoto a céu aberto.
Fora está a mendicância por benefícios sociais, a insegurança, o crime, a falta de estradas, a educação precária e a saúde insuficiente.
Fora está uma vida sofrida que nenhum deles suportaria sequer por um dia.

Fora estão as palafitas, as crianças vendidas por um prato de comida.
Fora está a desesperança — o olhar de quem não entende nada, mas é culpado por tudo.
Fora está quem quer viver, plantar e produzir, mas está sendo arrancado de sua terra como criminoso, sem ter para onde ir.

 Um povo sem voz, mas com fardo

Fora há um povo que nunca pegou um avião — e não sabe que ele é abastecido com combustível fóssil, aquele mesmo que os “especialistas” de ar-condicionado dizem que para o mundo não acabar, ele não pode mais ser usado.

Um povo tão sofrido, tão desinformado — ou mal informado, ou manipulado — que não consegue refletir sobre a humilhação que está passando perante o mundo.
Não se vê como uma peça de um tabuleiro cujo destino é apenas obedecer a um comando que vem de fora e apodrecer numa realidade por dentro.

Avisem aos especialistas do conforto

Avisem aos especialistas, aos ambientalistas, aos lobistas do clima, que enquanto eles fazem negócios com o futuro alheio, milhares de seres humanos que moram na Amazônia sequer sabem o que é água potável.

Avisem que não queremos pena.
Queremos apenas que nos deixem em paz, e que nosso destino seja aquilo que todo ser humano merece e nasceu para ter.

Avisem que o que temos por natureza é nosso e da nossa conta!
Não venham com seus recursos — apenas não se intrometam em como vamos usar os nossos.
E são muitos!

A conferência mais poluente da história?

Avisem que essa conferência em Belém baterá recorde de poluição no coração da Amazônia enquanto discutem falácias — e sua herança será desilusão para quem não viajou de cruzeiro ou avião.

Avisem que estamos fartos de sermos chamados de fartos de tudo e vivermos como se não tivéssemos nada — porque quem não tem o que temos vive como se tivesse tudo, e ainda nos oferece migalhas para que continuemos sem tocar no que é nosso e sem ser o que merecemos.

Aqueles que não suportariam um dia sem um banheiro digno deveriam ter vergonha de serem cúmplices de impor a um povo essa condição sub-humana.

A Amazônia quer existir — não salvar o planeta

A Amazônia precisa ser permitida existir e parar de carregar a missão patética de ser “responsável por salvar o planeta.”

Queremos salvar nossas crianças.
Queremos salvar nossos jovens.
Queremos salvar a nós mesmos — das narrativas que há décadas nos matam à míngua, em cima de nossos ricos minerais e embaixo de nossas preciosas florestas.

Adriana Garcia

Jornalista na Amazônia

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