Dep. Sílvia gravou vídeo em suas redes sociais denunciando a gravidade do que fizeram com os parlamentares legalmente eleitos.
Em um ato que expõe ainda mais a crise institucional brasileira, o presidente da Câmara, Hugo Motta, decidiu cumprir uma determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) considerada ilegal e inconstitucional por especialistas e até mesmo pela própria advocacia da Casa. A medida usurpou os mandatos de sete deputados federais, num movimento inédito que altera a composição do Congresso em pleno recesso branco, longe dos holofotes e da presença da maioria dos parlamentares em Brasília.
A decisão veio um dia após a aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes, num momento de forte pressão internacional sobre o Judiciário brasileiro. Até então, Hugo Motta havia se manifestado contrário ao cumprimento da ordem, alegando que ela feria diretamente a Constituição. Ainda assim, de forma repentina e sem debate, decidiu acatar a determinação, abrindo espaço para que parlamentares de esquerda assumam vagas ocupadas por deputados de direita.
A situação ganhou contornos de absurdo quando Rafael Fera (Podemos-RO), um dos novos parlamentares empossados, gravou e publicou nas redes sociais sua cerimônia de posse feita de maneira remota, sem qualquer solenidade ou formalidade institucional. A cena, que mais pareceu uma encenação improvisada, reforçou a percepção de que as instituições brasileiras perderam completamente os limites do razoável.
Rafael Fera (Podemos-RO) publicou em suas redes sociais a cerimônia de sua posse feita remotamente.
Para muitos, o episódio evidencia que a Câmara dos Deputados se tornou refém do STF, com decisões sendo tomadas à revelia da Constituição e em ritmo acelerado para atingir a oposição. O senador Eduardo Girão (Novo-CE), durante uma live no programa Bradock Show, afirmou que a principal motivação por trás dessa manobra é silenciar a deputada Silvia Waiãpi (PL-AP), considerada uma das vozes mais fortes do Congresso e a parlamentar mais atuante do Amapá.
Silvia tem se destacado nacionalmente na defesa da soberania brasileira, no enfrentamento do crime organizado, na proteção de crianças e mulheres e no desenvolvimento econômico da Amazônia. Ficou conhecida por sua atuação firme na CPI das ONGs, onde confrontou interesses internacionais representados pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Para Girão, a perseguição contra ela pode acabar fortalecendo sua liderança e pavimentando seu caminho rumo ao Senado em 2026.
O estado mais afetado pela decisão é justamente o Amapá, que perde quatro representantes, incluindo três mulheres, numa troca sem precedentes e marcada claramente por motivação política. Enquanto isso, a democracia brasileira segue sendo destruída por decisões judiciais e parlamentares que avançam contra a oposição sem pudor ou transparência.
Adriana Garcia
Jornalista na Amazônia
www.palavrasdeadrianagarcia.com
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