"Essa foi a primeira fraude eleitoral institucionalizada, feita na canetada", disse Silvia Waiapi.
Na noite desta sexta-feira (01), a deputada federal amapaense Silvia Waiapi participou do programa Braddock Show, onde abordou o polêmico episódio da cassação de seu mandato e de outros seis parlamentares, classificando a situação como mais um atentado à democracia brasileira.
Segundo Waiapi, a crise política, jurídica e institucional do país atingiu um nível alarmante. “É notoriamente repugnante o que está acontecendo. A lei que regeu as eleições de 2022 foi aprovada em 2021, quando eu sequer sonhava em ser parlamentar. Todos os partidos e candidatos se submeteram a essa lei, fomos eleitos pelo voto proporcional, dentro das regras estabelecidas. Mas, como alguns congressistas não se beneficiaram, entraram no STF em 2023 para derrubar a lei que eles mesmos ajudaram a aprovar e que foi usada amplamente pelo TSE”, explicou a deputada.
A parlamentar afirmou que essa manobra foi utilizada para retirar deputados eleitos e favorecer candidatos derrotados. “Mesmo com ganho de causa para nós em 2024, o STF decidiu refazer todo o processo em 2025, aplicando a lei retroativamente para nos prejudicar. Alteraram o resultado das urnas, ferindo o sufrágio democrático. Essa foi a primeira fraude eleitoral institucionalizada, feita na canetada”, declarou.
Waiapi destacou o grave precedente aberto para o futuro: “Se a Câmara aceita interferência externa no processo eleitoral, qualquer eleição, inclusive a de 2026, pode ser anulada se os resultados não agradarem ao sistema. A mensagem é clara: o voto proporcional não vale nada, pode mudar a qualquer momento”.
A deputada também denunciou a forma irregular como a decisão foi conduzida durante o recesso parlamentar. “Nós fomos proibidos de nos reunir na Câmara, fomos calados. Mas o presidente Hugo Motta, o mesmo que impediu reuniões, convocou às pressas uma reunião online para cassar sete deputados. Fizeram tudo às escondidas, atropelando o processo legal, para evitar que retornássemos ao Parlamento na semana seguinte”, relatou.
Silvia lembrou ainda que a manobra retirou quatro deputados do Amapá, todos de primeiro mandato, com atuação destacada na saúde, educação, segurança pública e empreendedorismo, para dar lugar a ex-parlamentares de esquerda. “Trocaram representantes legítimos, eleitos pelo povo, por velhas raposas políticas. A democracia foi rasgada diante dos nossos olhos”, disse.
Segundo a deputada, nem o direito à defesa foi garantido. “Entramos com um mandado de segurança na 3ª Vara Cível Federal de Brasília, pois cassar um deputado exige votação em plenário. Mas, quando os alvos são deputados de direita, quando é uma mulher indígena conservadora que não se submete ao sistema, tudo vira exceção”, afirmou.
Para apoiadores da Dep. Waiapi, a decisão acatada pela Câmara com aval do STF é um sinal claro do avanço autoritário no país. “O processo eleitoral virou um enfeite, os resultados podem ser alterados ao bel prazer de quem detém o poder. A independência entre os poderes acabou, o que impera hoje é a chantagem, a intimidação e decisões arbitrárias que afastam o povo da sua real representatividade”, escreveu um internauta nas redes em apoio à parlamentar e lamentando mais esse absurdo.
A fala da parlamentar ecoou entre apoiadores que veem a cassação como um ataque direto à democracia, à direita conservadora e à representatividade da mulher amazônica no Congresso Nacional, deixando milhares de eleitores sem voz no Parlamento.
Adriana Garcia
Jornalista na Amazônia
www.palavrasdeadrianagarcia.com
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