
Na pré-estreia, familiares, profissionais e produtores de VENTO NORTE se emocionaram com o resultado do trabalho que começou em 2020.
O filme Vento Norte marca um feito histórico: é o primeiro longa-metragem produzido no Amapá. Iniciado em 2020, o projeto acompanha as histórias de quatro personagens — Dr. Alberto, Aline, Márcio e Emily. Três deles tiveram suas vidas interrompidas pelo suicídio, deixando marcas profundas em seus familiares. Emily, sobrevivente de uma tentativa, simboliza a possibilidade de reconstrução, resiliência e ressignificação.
Na noite desta segunda-feira, 08, o Macapá Shopping recebeu a pré-estreia do documentário em uma sala da Moviecom completamente lotada. O público foi formado por produtores, familiares, depoentes, convidados e profissionais da saúde mental, que acompanharam de perto uma obra sensível e necessária ao tratar de um tema tão delicado: o suicídio e seus impactos nas famílias amapaenses.
A produção nasceu com recursos próprios, mas foi consolidada pela Amazonita Filmes após ser contemplada pelo edital da Prefeitura de Macapá com recursos da Lei Paulo Gustavo, por meio da Fundação Municipal de Cultura (Fumcult).
O diretor do documentário
O diretor Jedelson Pereira destacou a longa trajetória do filme e sua importância para a sociedade.

O diretor Jedelson Pereira comemora um trabalho que é mais que cultura, é colaborar para a prevenção do suicídio.
“O Vento Norte chega depois de cinco anos. Ele começou em 2020, e essa espera acabou sendo positiva, porque conseguimos registrar não apenas como as famílias estavam naquele momento, mas também como evoluíram até 2024. É um tema delicado, mas necessário de ser abordado”, afirmou.
Ele também ressaltou a proximidade do tema com a realidade amapaense:
“O suicídio nos rodeia. Infelizmente, aqui no Amapá todos conhecemos alguém que já passou por isso, de forma próxima ou distante. Nossa motivação é conscientizar, levar esse material para escolas, para que os jovens entendam que existem outros caminhos. Decidir pela morte não pode ser opção”, explicou.
Segundo o diretor, entre depoentes, entrevistados e equipe técnica, cerca de 50 pessoas estiveram envolvidas na produção. O objetivo maior é que a obra cumpra seu papel social de prevenção ao suicídio.
Arte e saúde unidas pela vida

Para a Psicóloga da rede municipal de Macapá, Regina Frota, o filme une arte e saúde mental trazendo luz ao tema do suicídio.
A psicóloga da rede municipal de saúde, Dra. Regina Frota, destacou a relevância do documentário como ferramenta de reflexão.
“A união entre a arte e a saúde é uma parceria fundamental. Esse filme traz luz para um movimento tão importante que é a valorização da vida. O silêncio só piora. Qualquer silêncio vira tabu e faz adoecer. Essa produção é um convite a falar da dor, a compreender que toda dor tem um espaço e precisa ser escutada”, pontuou.
Além dos relatos emocionantes das famílias, o documentário também conta com a participação de especialistas — psicólogos, psiquiatras e a diretora do Centro de Valorização da Vida (CVV -ligue 188) — ampliando a discussão e oferecendo uma compreensão plural sobre o fenômeno do suicídio.
Uma obra de dor e esperança
Embora carregado de relatos de sofrimento e perda, Vento Norte transcende a dor ao apostar na esperança. Entre metáforas visuais e poesia cinematográfica, o longa traduz a busca por sentido, tanto para quem perdeu alguém quanto para aqueles que ainda lutam contra a depressão e precisam de apoio.

O psiquiatra que participou do documentário, Dr. Rosano Barata, e o diretor, Jedelson Pereira, após a pré-estreia.
Apoio cultural e social
Para a Prefeitura de Macapá e a Fumcult, apoiar obras como Vento Norte é fortalecer a cena audiovisual local e aproximar a arte de debates urgentes. A iniciativa reafirma o compromisso da gestão em valorizar artistas amapaenses e fomentar uma produção cultural que dialoga diretamente com os desafios da sociedade.
Repercussão da pré-estreia
A pré-estreia foi marcada por emoção e reconhecimento. Familiares expressaram a esperança de que o filme contribua para evitar que outras famílias passem pela mesma dor. Para a sobrevivente Emily, estar no documentário foi uma oportunidade de dizer, a quem pensa em desistir, que a vida pode ser ressignificada e que ainda há espaço para sonhos e realizações.

A pré-estreia foi um momento de muita emoção, especialmente para os familiares que viveram a perda por suicídio.
O público acompanhou cada cena com emoção e aplaudiu de pé o diretor Jedelson Pereira, em reconhecimento à coragem de abordar um tema tão necessário.
Com estreia prevista para 2026, o documentário seguirá agora para o circuito de festivais nacionais, levando do Amapá para o Brasil inteiro uma mensagem de reflexão, sensibilidade e esperança.
Assista
Adriana Garcia
Jornalista na Amazônia
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