Embarcação feita de palha e totora - materiais tradicionais da Bolívia e Peru - percorreu 3.600 km
Nesta terça-feira, 14, quatro franceses chegaram à praia da Fazendinha, em Macapá, após uma longa e inusitada jornada que começou na Bolívia. Foram três meses de viagem, percorrendo 3.600 quilômetros em um barco orgânico construído de forma artesanal, unindo esporte, cultura e sustentabilidade em uma expedição histórica.
A travessia faz parte da Expedição Pipilintu, criada em homenagem aos 200 anos da Independência da Bolívia, e percorreu o trajeto dos Andes ao Atlântico, simbolizando a conexão entre povos e ecossistemas da América do Sul.
A embarcação, feita com cipó e totora — materiais tradicionais da Bolívia — representa a força da natureza e a sabedoria ancestral dos povos amazônicos. Ao término da jornada, o barco será transformado em adubo orgânico e doado à Prefeitura de Macapá, que o destinará ao viveiro municipal de plantas, reforçando o compromisso com a sustentabilidade e a preservação ambiental.

O destino final do Barco Orgânico é Macapá onde será usado como adubo no viveiro de plantas da prefeitura.
O capitão da embarcação, Fabien Garllier, contou que a equipe partiu da Bolívia no dia 14 de julho e chegou ao destino exatamente três meses depois. “Vim remando, foi um projeto esportivo e simbólico. A história desse barco tem mais de 4 mil anos. É um patrimônio incrível da Bolívia e do Peru — um tipo de embarcação único no mundo”, destacou.
Durante a travessia, os aventureiros dormiam em comunidades ribeirinhas, fazendas, barcos ou lanchas onde encontravam abrigo. “Colocávamos nossa barraca na beira do rio. Foi incrível a recepção das pessoas. Essa foi a melhor experiência que tivemos no Brasil, porque houve dias muito difíceis, com maresia e temporais. A ajuda das pessoas foi essencial”, relatou Fabien.
A rotina era simples e adaptada à natureza. “Comemos peixe, açaí, farinha e arroz. Cozinhávamos no chão, no fogão a gás ou a lenha, dependendo do lugar onde parávamos”, contou o capitão, lembrando dos encontros com a fauna local: “Vimos muitos jacarés, botos, tartarugas e até peles de onça. Essa região é riquíssima em vida”.

Tripulantes paravam durante a noite em localidades povoadas ou em embarcações e lanchas maiores.
Agora, os tripulantes trabalham na produção de um documentário sobre a expedição, que será exibido na França e na Bolívia, e possivelmente no Brasil.
Sobre o destino do barco, Fabien explicou que ele próprio carrega o espírito da regeneração: “O barco é orgânico, ótimo para receber sementes. Durante a viagem, algumas sementes de melancia caíram no piso e brotaram. Ele ficará em Macapá e servirá como adubo”, finalizou.

A Diretora-presidente da Macapatur, Lidiane Pimentel, e o secretário municipal do Meio Ambiente, Walcir Marvulli recepcionaram a expedição na praia da Fazendinha.
A chegada da expedição foi acompanhada pela diretora-presidente do Macapatur, Lidiane Pimentel, e pelo secretário municipal de Meio Ambiente, Walcir Marvulli, que receberá oficialmente o barco orgânico. Em nome do prefeito Dr. Furlan, Lidiane deu as boas-vindas à equipe e reforçou a hospitalidade de Macapá com visitantes e aventureiros.
Adriana Garcia
Jornalista na Amazônia
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