
Cooperação técnica avança e o foco é atrair a indústria de bens e serviços para a capital e não perder espaço para o Pará.
Transformar Macapá na capital do petróleo e gás do Norte do Brasil é a meta do prefeito da capital amapaense, Dr. Furlan. Para isso, a prefeitura firmou um Acordo de Cooperação Técnica com a cidade de Macaé-RJ, que ao longo das últimas décadas se consolidou como a principal referência nacional da indústria de petróleo e gás. A experiência vivida por Macaé serve hoje como modelo para o Amapá, que se prepara para o novo ciclo econômico com a exploração da Margem Equatorial.
As três etapas da cooperação
A primeira etapa ocorreu em junho, com a assinatura do acordo durante a visita do prefeito Welberth Rezende e do secretário Rodrigo Vianna a Macapá.
A segunda foi em julho, quando Dr. Furlan liderou uma comitiva à Macaé, composta por secretários, empresários e reitores de instituições de ensino.
Agora, a terceira fase começou na segunda-feira (08), com a chegada a Macapá do secretário de Desenvolvimento Econômico de Macaé, Rodrigo Vianna, acompanhado de técnicos e investidores. O grupo está realizando reuniões, planejamentos e mapeamentos para preparar a cidade a se tornar o destino mais atrativo para negócios ligados à indústria de óleo e gás (O&G).
Segundo o prefeito, a prioridade é criar um ambiente confiável para investimentos e impedir que a indústria opte por se instalar no Pará devido à falta de infraestrutura.
Transparência e compromisso social
Na manhã desta quarta-feira (10), a prefeitura convocou coletiva de imprensa para apresentar os avanços do processo. Dr. Furlan destacou que não basta falar em bilhões em royalties:
“Isso só terá valor se melhorar a qualidade de vida do nosso povo. Estamos recebendo investidores e empresários porque queremos que Macapá tenha um grande desenvolvimento. Nosso foco é que essa transformação seja também social”, afirmou.
Ele reforçou que as discussões envolvem legislação, regularização e fortalecimento do ambiente de negócios, garantindo segurança jurídica para investidores. “Macapá precisa estar preparada com logística, capacitação profissional e qualificação da juventude. Temos que lutar com unhas e dentes para que a base da indústria esteja aqui”, disse.

O papel da imprensa é fundamental para debater, entender e informar a sociedade sobre o esse momento importantíssimo.
O olhar de Macaé: erros e acertos como lição
Rodrigo Vianna destacou a importância da cooperação:
“Macaé errou muito, mas também acertou quando teve gestores que entenderam o papel de criar um ambiente melhor qualificado. Estou feliz em compartilhar essa vivência com uma gestão que transmite confiança e tem visão desenvolvimentista”.
Ele relatou que os impactos já são visíveis: hotéis e restaurantes lotados desde o início das atividades da comitiva. Segundo Vianna, investidores já estão se antecipando para instalar bases em Macapá, sinalizando que “o negócio já começou”.

"O sr. busca conhecimento para oferecer um ambiente de negócios o mais seguro e confiável possível." Rodrigo Vianna, sobre o prefeito de Macapá.
Portos, aeroportos e infraestrutura estratégica
Um dos pontos centrais é a infraestrutura logística. Furlan explicou que a terceira etapa busca estruturar cada elo da cadeia produtiva, inclusive com a possibilidade de novos portos privados em Macapá, a exemplo de Macaé.
“Queremos ser a capital do petróleo e gás da região Norte. Estamos a 500 km do Oiapoque, enquanto Belém está a 850 km. Na logística, distância é dinheiro. Por isso, Macapá tem vantagem estratégica”, ressaltou o prefeito.
Rodrigo Vianna complementou ao citar o aeroporto internacional de Macapá como ativo estratégico, mas que precisa se adequar à demanda da indústria, especialmente ao transporte aéreo offshore via helicópteros.

Equipe técnica, empresários e investidores de Macaé participam dessa terceira etapa de Conexão Macapá Macaé.
Educação e capacitação: o mapa do emprego
A secretária da SEMTRADI, Marciane Costa, afirmou que Macapá está construindo um “Mapa do Emprego”, identificando profissões e certificações exigidas pela indústria do petróleo:
- Cursos livres e profissionalizantes: auxiliar de cozinha, cozinheiro, operador de andaime, caldeireiro, entre outros.
- Cursos técnicos e de graduação: engenharias, química industrial, especializações.
Ela destacou que a prefeitura já iniciou cooperação entre Senai Macapá e Senai Macaé, além do SIMER – Sistema Municipal de Emprego e Renda, que coleta currículos e conecta trabalhadores às empresas.
“Nosso objetivo é garantir que os melhores empregos fiquem com os filhos desta terra. Não podemos frustrar a população oferecendo cursos sem demanda real”, afirmou.

A secretária Marciane Costa disse que a melhor política social é o emprego e esse é o melhor momento para Macapá.
Royalties e responsabilidade de gestão
O ex-presidente da Petrobras, José Mauro Coelho, alertou para a correta aplicação dos royalties:
“Há cidades que desperdiçaram os recursos. É preciso planejamento estratégico, criação de um fundo soberano e investimentos em longo prazo, como fez a Noruega. Os royalties devem ser instrumento de transformação social, não de gastos imediatistas.”
Furlan reforçou que defende a criação de um fundo soberano no Amapá para garantir segurança econômica às futuras gerações.
Comunicação com a sociedade
Para o prefeito, é fundamental que a população compreenda a dimensão dessa transformação:
“Tenho ouvido muitos jovens perguntarem: por onde começar para conseguir um emprego? Precisamos explicar constantemente, desde as escolas, o que significa esse novo ciclo. O petróleo e o gás já estão mudando nossa economia, mas queremos que mudem também a vida das pessoas.”
Macapá em transformação
A parceria com Macaé, a preparação da infraestrutura, a capacitação da mão de obra local e o planejamento estratégico do uso dos royalties são os pilares para que Macapá conquiste o título de “Capital do Petróleo e Gás do Norte do Brasil”.
Como resumiu a secretária Marciane Costa:
“Não existe política pública melhor do que o emprego. Estamos construindo, junto com a sociedade, as condições para que essa transformação seja real, duradoura e alcance todos.”
Adriana Garcia
Jornalista na Amazônia
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