A vontade de registrar o momento fez todos permanecerem no local, mesmo com o calor extremo.
Nesta segunda-feira, 22, moradores e principalmente turistas que foram a Macapá para contemplar o equinócio — momento em que o sol se alinha perfeitamente com a linha do Equador — tiveram que assistir ao fenômeno de forma improvisada: no meio da rua.
Sem acesso ao Monumento Marco Zero, fechado para reformas desde abril, os visitantes se amontoaram na Avenida Equatorial, dividindo espaço com os carros que passavam. Com celulares em punho, buscavam ansiosamente o instante exato em que o sol se encaixa na circunferência do obelisco, registro único que só pode ser visto a olho nu em Macapá.
A aglomeração começou desde às 15h e a cena tão esperada apareceu somente após às 17h.
A concentração começou por volta das 15h, mas o ápice do fenômeno só ocorreu após as 17h. Durante a espera, não havia qualquer estrutura de apoio, segurança ou conforto para os turistas. O trecho da avenida sequer foi interditado, expondo os visitantes ao risco de acidentes. Muitos tentavam encontrar ângulos para a foto e imaginavam onde poderiam colocar um pé no hemisfério norte e outro no hemisfério sul, tradição de quem visita o monumento.
Sem qualquer conforto ou estrutura, os turistas permaneceram no meio da rua, dividindo espaço com os carros, até o sol baixar.
Foi assim, desamparados e sem qualquer assistência do poder público, que turistas e moradores acompanharam o espetáculo da natureza — que, felizmente, independe da administração.
O Monumento Marco Zero é administrado pelo Governo do Estado e está fechado para obras de reforma, adequações de acessibilidade e normas de segurança. A intervenção, orçada em R$ 6,6 milhões, é fruto de emenda parlamentar do senador Davi Alcolumbre e tem previsão de entrega em dezembro deste ano.
Finalmente, a cena aguardada aconteceu. O sol "entrou" na circunferência do monumento e deu seu espetáculo à parte.
Inaugurado em 1987, o obelisco tem 30 metros de altura e está cravado exatamente sobre a linha do Equador, tornando-se um dos maiores símbolos turísticos e científicos do Amapá. Ali, é possível observar não apenas os equinócios, mas também fenômenos como o solstício.
Enquanto a obra não é concluída, visitantes precisam se contentar com fotos improvisadas na rua. A população local, acostumada a ver obras estaduais atrasadas, já demonstra desconfiança quanto ao prazo de entrega. O exemplo do Trapiche Eliezer Levy, que ficou paralisado por dez anos e só foi concluído na gestão do prefeito Dr. Furlan, ainda está fresco na memória dos macapaenses.
A expectativa é que, no próximo equinócio, os turistas não encontrem portões fechados, mas sim um espaço revitalizado, seguro e confortável para contemplar um fenômeno astronômico tão singular — que acontece exatamente aqui, em Macapá, sobre a linha do meio do mundo.
Adriana Garcia
Jornalista na Amazônia
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