
No dia 12 de novembro, o Senador Lucas Barreto fez um discurso histórico contra a censura que está sendo imposta no Amapá.
O Amapá está em alerta
O Amapá amanheceu atônito diante de mais um avanço da perseguição e da censura.
Uma decisão publicada no Diário Oficial da União, no dia 11 de novembro, chocou a população: o Ministério das Comunicações do governo Lula, liderado por um ministro aliado de Davi Alcolumbre, cassou a concessão da Rádio Forte FM, em Macapá — a única emissora do estado que ainda dá voz às críticas e denúncias dos ouvintes sobre o governo local, cujo gestor, Clécio Luiz, é também aliado do presidente.
Silenciar a oposição: o novo método e o método de sempre
Logo após a publicação da decisão, apenas o deputado R. Nelson se manifestou publicamente. Em suas redes sociais, ele se solidarizou com a emissora e alertou:
“O governador está fazendo na imprensa o mesmo que faz na Assembleia Legislativa — calando a oposição.”
Uma voz se levanta em Brasília
No dia seguinte, o senador Lucas Barreto subiu à tribuna em Brasília para denunciar o caso e alertar o país sobre a gravidade da situação.
Seu discurso foi forte, histórico e corajoso — um marco na defesa da liberdade de expressão e do direito à informação.
Vale a pena ler na íntegra:
“Eu subo nesta tribuna para denunciar uma tentativa escandalosa de silenciar uma das vozes mais autênticas do povo amapaense: a Rádio Forte FM.
Desde o início do processo administrativo, todos sabem a verdade. Essa perseguição começou porque a rádio nunca se vergou aos interesses do governo estadual — e isso incomoda.
Incomoda quem se acostumou a controlar, a impor silêncio e a calar quem pensa diferente.
Mas a Rádio Forte FM não se cala. Ela fala o que precisa ser dito, doa a quem doer. E é justamente aí que mora o incômodo.
Quando a verdade não se curva, o poder tenta dobrá-la.
Há algo que os governantes de plantão parecem esquecer: a liberdade de expressão não pode viver ao sabor dos adversários políticos de ocasião. A política gira, as cadeiras mudam, os nomes passam — mas a verdade fica.
Recentemente, a Justiça Federal, pela voz firme e lúcida da juíza Poliana Kelly Maciel Medeiros, impediu que essas injustiças se consumassem.
Sua decisão foi categórica: cassação de outorga é a pena capital da radiodifusão, e como toda pena capital, só pode ser aplicada após um julgamento justo, com contraditório, ampla defesa e decisão judicial definitiva.
A magistrada lembrou que calar uma rádio é privar toda uma comunidade de informação, cultura e cidadania.
Em outras palavras: calar a rádio é calar o povo.
Quando se tenta calar o povo para agradar ao governante de plantão, o que morre não é uma emissora — é a democracia, que se asfixia devagar entre despachos e portarias.
O que o Ministério das Comunicações tenta fazer é usar o poder do Estado como arma política.
Disfarça-se a perseguição sob o pretexto de ‘irregularidades técnicas’, mas o que está em jogo é o controle da narrativa — o velho desejo de domesticar a imprensa.
E saibam: quem teme a crítica, teme a verdade.
Pensar que se pode controlar a informação em tempos de internet é como querer apagar o sol com as mãos.
O governo que tenta controlar as vozes independentes atira contra si próprio, porque quanto mais tenta esconder, mais revela sua face autoritária — a face de quem confunde autoridade com domínio e poder com silêncio.
Não há democracia sem crítica. Não há liberdade sem imprensa livre.
A Rádio Forte FM é símbolo da resistência amapaense.
E é curioso: os que hoje tentam impor o silêncio serão, amanhã, os primeiros a clamar por liberdade quando o vento da política mudar de direção.
A roda do poder gira — e gira depressa.
Mas a liberdade de expressão não é engrenagem de governo.
Ela é o alicerce da República e da Democracia.
Enquanto houver, nesta Casa, quem tenha coragem de defender a verdade e a democracia, nenhuma voz será calada — nem a do Amapá, nem a da Forte FM, nem a de qualquer veículo que se recuse a ajoelhar diante do poder.
Podem até tentar desligar o transmissor, mas a verdade não tem botão de desligar.”
O Brasil está normalizando a censura
Infelizmente, a censura voltou a ser tratada como algo normal.
Muitos já estão calados, presos ou impedidos de se manifestar, sem acesso às próprias redes sociais.
E quando não é conosco, parece que não está acontecendo — até que chega a nossa vez.
Que outros se levantem
Que outros parlamentares, autoridades e cidadãos se levantem para defender — com palavras, decisões e ações — aquilo que o Brasil levou tanto tempo para conquistar e que, se perdido, custará muito mais caro para ser recuperado: a liberdade. Sem ela, não há vida.
Adriana Garcia
Jornalista na Amazônia
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