
A primeira rádio cassada no governo do Lula que ele diz ser democrático. O Amapá é o protótipo da ditadura atual.
Os eleitores de Bolsonaro passaram anos alertando sobre os riscos que o país corria com a esquerda — um grupo que, na avaliação deles, não é apenas essencialmente corrupto, mas autoritário. Quando corrupção e autoritarismo se fundem, o país adoece: as pessoas perdem forças para reagir, esmagadas pela pobreza, e passam a ser torturadas, presas e até assassinadas caso insistam em expressar o que pensam.
Cansamos de chamar a atenção do povo para o que aconteceu em Cuba e na Venezuela, tentando impedir que esse cenário se tornasse realidade aqui. Muitos nos chamaram de loucos, extremistas e conspiracionistas. Fomos desumanizados e criminalizados. Mas chegou 2025, e a realidade se impõe: estávamos certos.
Quando tudo isso começou? Pasmem: foi no governo Bolsonaro. Não por culpa dele, mas por causa dele. Explico: numa ditadura comum, quem está no poder impõe o regime. No Brasil, ocorreu o contrário: a nova ditadura começou contra quem estava no poder, porque ali, pela primeira vez, havia uma oposição real e não o velho teatro das tesouras.
O presidente da República se tornou vítima de perseguição e autoritarismo enquanto os verdadeiros executores dessa ditadura, amparados pelo Judiciário e pela imprensa, conseguiam convencer parte da população de que ele era o ditador. E por que a censura avançou tanto? Porque Bolsonaro chegou ao poder sem apoio da imprensa, perseguido pelo Judiciário e quase morto por um militante do PSOL, que teve os advogados mais caros do país e até hoje não teve seu mandante revelado.
Ironicamente, apesar de militar da reserva, Bolsonaro foi o primeiro presidente da redemocratização a receber carta branca da maioria da população para governar atendendo exclusivamente às demandas populares. Nenhum outro ousou fazer isso — e foi nesse momento que o sistema reagiu, perseguindo Bolsonaro e todos os que o defendiam. Grande parte desse movimento popular se deu graças às redes sociais — motivo pelo qual a sanha de regulá-las se intensificou. Eles simplesmente não aceitam lidar com a liberdade alheia de falar, pensar e escolher.
Um episódio decisivo ocorreu quando a Lava Jato começou a alcançar o Judiciário, envolvendo uma delação que mencionava “o amigo do amigo do meu pai”, referência ao ministro Dias Toffoli. Imediatamente, o STF abriu um inquérito ilegal contra a revista Crusoé. Apenas os bolsonaristas — os mesmos tachados de extremistas e fascistas — se levantaram em defesa da liberdade de expressão da revista. Esse inquérito evoluiu para o das Fake News — crime que nem existe na legislação brasileira. Mas, numa ditadura, a lei passa a ser o que o julgador deseja, e sua execução serve tanto para proteger aliados quanto para destruir inimigos. Esse inquérito segue aberto até hoje e sempre cabe mais um — coincidentemente, sempre um bolsonarista.
Bolsonaro foi o presidente mais achincalhado pela imprensa, que usou sua liberdade de expressão de forma leviana. Dois exemplos são emblemáticos:
- A pressão para que a sociedade acreditasse que ele era o mandante da morte de Marielle.
- A alcunha de “genocida” durante a pandemia, responsabilizando-o por cada morte — algo que não ocorreu em nenhum outro país, nem mesmo onde o número de vítimas foi maior.
O Jornal Nacional exibiu fotos de mortos diariamente para incitar ódio à sua figura. O que fizeram com Bolsonaro não se faz nem ao pior inimigo. Ele lutou para trazer tratamentos precoces e medicamentos sem patente que estavam salvando vidas em outros países, como a ivermectina — e foi ridicularizado. Trouxe a vacina rapidamente, e apenas se opôs à obrigatoriedade por conhecer seus efeitos colaterais. Hoje, tudo o que alertou faz sentido. Mas muitos preferem não enxergar.
Quanto a Marielle, a verdade veio à tona: quem mandou matar foi Domingos Brazão. Mas a mentira foi propagada tantas vezes que ninguém quis ouvir a verdade quando ela apareceu. Fica por isso mesmo, e a reputação de um chefe de Estado inocente foi dilacerada em longos programas de TV cheios de suposições desconexas.
Bolsonaristas abominam o politicamente correto porque sabem que muitos dos que fazem discursos emocionantes, educados e mansos, são os mesmos capazes de atrocidades. O que importa é atitude — não discurso. Quando Bolsonaro surgiu, a política estava desacreditada e o povo queria alguém tão revoltado quanto eles, disposto a agir concretamente.
Mesmo enfrentando uma ditadura invertida — em que o governo não podia nada — Bolsonaro fez muito dentro de seus limites. Sua frase, às vésperas de 2022, sintetiza sua preocupação: “Não temo perder uma eleição numa democracia; temo que o Brasil perca a democracia numa eleição.” E é exatamente isso que vemos ocorrer diante dos nossos olhos.
Lula foi descondenado por causa de um CEP, apesar de todas as provas, delações e dinheiro devolvido. A Lava Jato foi enterrada assim que Lula voltou ao poder. O Brasil assistiu, passivamente, a esses absurdos serem normalizados.
O pleito de 2022 foi conduzido de forma parcial. A defesa do voto impresso, normal em qualquer democracia, foi criminalizada. As urnas não correspondiam ao que se via nas ruas e nas redes. O mundo sabe que a CIA de Biden interferiu no processo, inclusive ameaçando Bolsonaro caso insistisse em falar sobre vulnerabilidades do sistema eletrônico.
A vitória de Lula foi comemorada em presídios e penitenciárias do país. Ele fez comício em morros, usando boné do CPX. Seu ministro da Justiça — hoje ministro do STF — também subiu o morro. Pessoas ligadas ao tráfico transitam livremente nos ministérios. Mas muitos insistem em não ver.
Enquanto isso, temos presos políticos no Brasil. Um deles morreu — Clezão. Idosas que nunca pegaram em armas foram condenadas por “atentado ao Estado de Direito”. Jornalistas se exilaram. Eduardo Tagliaferro, que denunciou crimes de Alexandre de Moraes, deveria ser testemunha protegida, mas acabou processado. Tudo invertido.
A farsa do 8 de janeiro transformou manifestantes — servidos por General G. Dias — em golpistas. Vidas foram destruídas. Bolsonaro está há mais de 100 dias preso sem condenação. A sentença que recebeu por “tentativa de golpe” é uma aberração jurídica. E parte da população comemora esses abusos, como se atingissem somente seus inimigos.
Mas a conivência com injustiças cometidas contra quem você não gosta vai bater à sua porta.
Durante o governo Bolsonaro, mesmo sendo alvo de calúnias, ele sempre defendeu a imprensa livre. Ele sabia que, ou se luta pela liberdade de todos, ou todos a perderão. Um ex-militar, simpático ao regime militar, foi — ironicamente — o presidente que mais respeitou nossas liberdades, inclusive as de seus perseguidores. Seus opositores, muitos dos quais anistiados por crimes do passado, continuam alinhados ao crime organizado no presente. A operação no Rio prova isso: não estão do lado das vítimas, mas das facções.
O que muitos não entendem é como se inverteu a percepção dos lados: o perseguido virou ditador; o perseguidor virou democracia. Isso só acontece por causa de narrativas sustentadas por uma imprensa cooptada, comprada e submissa. Sem imprensa livre, uma ditadura se instala facilmente — e muitos ainda não perceberam.
Eu moro no Amapá. Aqui, a única rádio que faz oposição ao governo estadual — aliado dos Alcolumbre e do governo federal — teve sua concessão cassada. É a primeira rádio fechada em um regime que eles chamam de democrático, mas nós, que rejeitamos o politicamente correto, sabemos que não é. Usam o termo para enganar os desavisados.
A Rádio Forte FM foi calada. Como não chegou até você, talvez pareça que nada aconteceu. Mas centenas de pessoas da direita estão caladas, presas e exiladas. A cada avanço, eles atingem mais um grupo. E chegarão a todos. Se não nos unirmos pela liberdade e pelo cumprimento real da Constituição, ninguém sobrará. Só quem concorda com eles terá direito de falar, trabalhar e existir. Os demais serão descartados.
As condições que Trump impôs ao Brasil são claras: ele quer que o governo e a Justiça cumpram suas próprias leis. Isso não é violar soberania — é defender a dele, pois não interessa aos EUA ver mais um país comunista, miserável e dominado pelo narcotráfico ameaçando a América.
Não há mais desavisados. Os sinais deixaram de ser sinais: tudo está se concretizando. O inacreditável bate à porta de mais pessoas todos os dias. Se ainda não bateu na sua, vai bater.
O Amapá é um protótipo: quatro deputados federais foram arrancados para dar lugar a aliados; dezenas de comunicadores e jornalistas estão sendo processados; agora uma rádio perdeu a concessão. O que mais precisamos esperar para reagir? Aos demais estados, um aviso: se ainda não chegou aí, vai chegar.
O que está em jogo não é apenas um pleito ou disputa partidária — são as nossas liberdades.
E quem está tirando-as são exatamente aqueles que diziam defendê-las.
Adriana Garcia
Jornalista na Amazônia
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