
Relatório conclui que o Dr. Furlan agiu em legítima defesa de terceiros e não cometeu agressão a jornalistas, como foi amplamente divulgado. Foto: Junior Dantas
O relatório final da Polícia Civil, divulgado nesta quarta-feira (20), sobre o episódio ocorrido durante a tradicional agenda do prefeito Antônio Furlan no último domingo, concluiu que o gestor de Macapá agiu em legítima defesa de servidoras públicas que estavam sendo agredidas física e verbalmente. As vítimas são: Meriam Ferreira Banha Campos e Anne Tavora de Araujo.
De acordo com o documento, as duas funcionárias da prefeitura foram empurradas, atingidas com cotoveladas e insultadas enquanto desempenhavam suas funções. Ao presenciar as agressões, o prefeito interveio para proteger as servidoras, aplicando uma breve manobra de contenção física contra Iran Froes, um dos envolvidos no tumulto.
Imagens distorcidas nas redes sociais
No mesmo dia, vídeos que mostravam apenas a reação do prefeito contra Froes viralizaram nas redes sociais, gerando uma narrativa de que o gestor teria agredido um jornalista no exercício da profissão. Contudo, a investigação policial derrubou essa versão. Os depoimentos colhidos confirmaram que a atitude do prefeito foi proporcional e necessária para impedir que a violência continuasse.
O próprio Iran Froes, que se dizia vítima, recusou-se a realizar exame de corpo de delito, o que reforça a inexistência de lesões ou danos. Para a polícia, o ato do prefeito não configurou agressão, mas uma contenção legítima diante da situação.
Contradições e plano político-midiático
Durante a apuração, os acusados — Heverson Castro, Iran Froes e Marshal dos Anjos Vasconcelos — apresentaram contradições em seus depoimentos. Conversas de WhatsApp obtidas pela investigação revelaram que o grupo planejou a ação com motivação política, buscando provocar o prefeito e gerar repercussão negativa.
Heverson Castro, em mensagens ao grupo, convocava participantes para a “missão”. Iran Froes, por sua vez, é ligado ao deputado estadual Jory Oeiras, adversário político de Furlan. Além disso, os três acusados residem em Santana, município vizinho, o que reforça a tese de que o objetivo não era reivindicar questões da administração local, mas tentar desestabilizar o prefeito de Macapá.
Conclusão do relatório
Segundo o TCO nº 2558/2025, os investigados Heverson dos Santos Castro e Iran Fróes da Silva praticaram, em tese, os crimes de desacato (art. 331 do Código Penal) e vias de fato (art. 21 da Lei de Contravenções Penais), ambos contra servidoras públicas em serviço. Já a conduta do prefeito Furlan encontra pleno amparo na excludente de ilicitude da legítima defesa de terceiros (art. 25 do CP).
O relatório destaca que a reação do prefeito foi breve, proporcional e necessária, cessando imediatamente após a contenção. Não houve continuidade do ato nem qualquer indício de intenção de agressão.
Política em jogo
Apesar da conclusão da Polícia Civil hoje, a Câmara de Vereadores de Macapá aprovou ontem, de forma açodada, a abertura de um processo político que pode levar à cassação do mandato do prefeito sob a acusação de “falta de decoro”. Para apoiadores de Furlan, a iniciativa é claramente motivada por interesses eleitorais.
Atualmente, Furlan lidera as pesquisas para as eleições de 2026 e é apontado como favorito para vencer ainda no primeiro turno contra o atual governador, Clécio Luís, aliado do senador Davi Alcolumbre.
O caso, que começou como um episódio de provocação planejada, transformou-se em uma disputa política com potencial impacto no cenário eleitoral do Amapá e acabou reforçando ainda mais a liderança do prefeito da capital, pois ele foi vítima de uma narrativa para tentar denegrir a sua imagem e diminuir seu prestígio perante a opinião pública.
Adriana Garcia
Jornalista na Amazônia
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