
Familiares de Maria Tavares na abertura da semana da Consciência Negra no Museu Municipal.
De 4 a 12 de novembro, a Prefeitura de Macapá, por meio do Instituto Municipal de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Improir), realiza a Semana da Consciência Negra com o tema “Amazônia Negra: memória, território e o futuro de Macapá”.
A programação valoriza a cultura afro-macapaense, estimula o diálogo sobre identidade e fortalece ações de enfrentamento ao racismo.
A abertura ocorreu nesta terça-feira, 4, no Museu de Artes, Culturas e Memórias Negras, com a entrega de certificações da Fundação Palmares, às 8h30, e a abertura da exposição “Maria Tavares”, às 16h30, em homenagem à cantora, compositora e ativista cultural amapaense.
O início da exposição foi marcado por forte emoção, com a presença de familiares e amigos de Maria Tavares.

O Museu de Artes, Culturas e Memórias Negras de Macapá segue sendo palco de muitas exposições.
O secretário municipal de Direitos Humanos, Raimundo Azevedo da Costa Júnior, destacou a importância do momento:
“É um momento muito especial para toda a população. Quando falamos de consciência negra, falamos de história, de reconhecimento e de consciência do nosso passado. Falar de Maria Tavares é reconhecer a trajetória de quem, como ela, representou nossa arte, cultura e identidade. Essa é uma política que a Prefeitura de Macapá vem fortalecendo: a tomada de consciência da nossa história”, afirmou.
A diretora-presidente do Improir, Cristina Almeida, ressaltou que o Museu é um espaço vivo e de celebração da memória negra:
“O mês de novembro nos remete, mais do que nunca, à reflexão sobre os danos do racismo. Ele não atinge apenas as pessoas negras, mas toda a sociedade. Pensar em uma mulher negra para essa homenagem nos levou naturalmente ao nome de Tavares, que representa coragem, força e talento. Foi no quintal da casa dela que nasceu a União dos Negros do Amapá (UNA), o primeiro movimento negro do estado. Maria foi uma artista nata, uma mulher além do seu tempo. O que ela escreveu precisa ser cantado. As roupas que confeccionava vestiram o primeiro grupo de balé do Amapá, o Baraká. Essa personalidade não pode ser esquecida — e esta é a primeira exposição dedicada a mulheres negras do estado, abrindo portas para muitas outras que virão”, declarou.

A cantora Maria Tavares compôs dezenas de canções que hoje fazem parte do acervo pessoal e estão na exposição.
Cristina também contou um episódio marcante envolvendo o projeto Genoma do Brasil, realizado em parceria com a USP:
“No sábado, teremos a entrega dos resultados dos exames de DNA. Quando abri o documento enviado pela USP e vi o primeiro nome da lista, quase desmaiei: era Maria Tavares de Araújo. Ela partiu sem saber de onde veio, mas agora sua família terá a oportunidade de conhecer sua origem na África. Isso é muito simbólico. Coincidências não existem quando há espiritualidade envolvida”, emocionou-se.
Para Cristina, a Semana da Consciência Negra tem um propósito transformador:
“Queremos ser multiplicadores do combate ao racismo, porque ele deixa cicatrizes irreparáveis. Só vamos virar essa página se estivermos unidos — pessoas negras e não negras. Estou muito feliz em nome da Prefeitura de Macapá e do prefeito Dr. Furlan, que tem dado visibilidade inédita à população preta. Nunca antes um prefeito investiu tanto na valorização da nossa história e da nossa cultura.”

Exposição de Maria Tavares segue durante todo o mês de novembro, no Museu do negro.
Ela destacou que o reconhecimento à comunidade negra está presente em diversos espaços e políticas públicas criadas pela atual gestão:
“Hoje, quem chega a Macapá vê referências à nossa ancestralidade por toda parte: a Praça dos Povos, o Largo dos Inocentes, o Centro de Cultura Negra revitalizado, o Projeto Dandara, que reduz a morte de mulheres negras no parto, e o Juventude Negra Viva, que capacita jovens da periferia. Temos ainda o programa Negro Eu Sou, coordenado pela Secretaria de Direitos Humanos. São ações concretas que mostram que a gestão municipal não se limita a celebrar o marabaixo e o batuque — ela faz políticas públicas com responsabilidade e amor pelas pessoas”, concluiu.

Tavares foi uma artista negra que marcou a história da arte e da música em Macapá.
A homenagem à cantora também contou com a presença de Dandara Araújo, neta de Maria Tavares, que relembrou momentos marcantes da vida da avó. O grupo musical Iadolê, criado por Tavares, apresentou canções que emocionaram o público.
O museu segue aberto à visitação durante todo o mês de novembro, com objetos, obras de arte e registros que retratam a trajetória da artista e militante.
A programação da Semana da Consciência Negra 2025 continua com:
- Fim de Tarde no Largo dos Inocentes – 7/11, das 17h às 23h;
- Entrega do DNA do Projeto Genoma do Brasil (USP) – 8/11, às 17h, no Museu;
- Domingo no Museu – 9/11, das 8h às 12h30;
- I Encontro Municipal de Educação, Cultura e Ancestralidade Afro-Macapaense – 12/11, das 8h às 18h, no Teatro Municipal Fernando Canto.
Adriana Garcia
Jornalista na Amazônia
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