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 luana serrao

 Presidência da Cãmara em Macapá é usada para intimidar, ameaçar e perseguir quem decide aliar-se ao Dr. Furlan

A vereadora de Macapá, Luana Serrão, de apenas 25 anos, estudante de Direito e a mais jovem parlamentar da capital, denunciou o presidente da Câmara Municipal, Pedro Dalua, indicado do senador Davi Alcolumbre, por uma série de crimes que incluem ameaça, coação, perseguição política e quebra de decoro parlamentar.

A perseguição começou em março, quando Luana decidiu se aproximar do prefeito Dr. Furlan, passando a integrar sua base de apoio — mesmo pertencendo ao mesmo partido de Dalua, que faz oposição declarada ao prefeito.

A eleição da mesa diretora da Câmara teve forte influência de Alcolumbre e resultou na escolha de Dalua, que teria como principal objetivo dificultar o trabalho do prefeito, reeleito com 85% dos votos válidos, e minar sua popularidade — hoje considerada inédita e suficiente para derrotar, em primeiro turno, o atual governador Clécio, aliado de Davi.

Nos últimos meses, Dalua tem se dedicado a uma ofensiva contínua contra o prefeito, instaurando processos administrativos baseados em filmagens e manchetes da imprensa, desconsiderando o relatório policial final que inocentou Dr. Furlan, reconhecendo que ele agiu em legítima defesa de terceiros.

Na semana passada, uma nova ofensiva política se seguiu a uma operação da Polícia Federal, usada para tentar desgastar o prefeito e sua equipe — que têm implementado mudanças significativas, inclusive na área da saúde. Mesmo sem qualquer condenação decorrente dessa operação, Dalua protocolou novo processo na Câmara, que pode inclusive tornar o prefeito inelegível em 2026. Essa é a meta do grupo que se sente ameaçado diante da liderança e popularidade do Dr. Furlan, ainda mais com a iminente exploração do petróleo e a vinda dos royalties para o Estado.

Para isso, no entanto, Dalua precisa de maioria na Casa. E é nesse ponto que começou a pressão direta sobre os vereadores do próprio partido. Desde que a vereadora se posicionou contra a abertura do processo de investigação contra o prefeito, Pedro Dalua iniciou uma campanha pessoal para cassar seu mandato, inclusive pedindo a mobilização de seus aliados nas redes sociais defendendo a cassação.

Determinada a não se curvar a manobras que considera prejudiciais à cidade, Luana gravou uma ligação feita por Dalua, na qual ele lhe oferece cargos, vantagens e espaço no governo, em troca de sua renúncia. A parlamentar levou o áudio ao Ministério Público do Amapá (MP/AP), formalizando denúncia contra o presidente.

No documento, Luana afirma que as falas de Dalua configuram ameaça, coação e atentado contra a ordem pública, além de quebra de decoro e crime de responsabilidade por oferecer cargos públicos para obter controle político. A denúncia ainda aponta que Dalua tentou intimidá-la, constrangê-la e impedir o exercício de seu mandato, conquistado nas urnas.

No áudio, Dalua chega a dizer que “Judeu tem o coração duro”, referindo-se ao senador Davi, e oferece uma “incursão” que beneficiaria Luana e seu pai. Afirma que no passado, o governador pensou em dar a Luana a secretaria da Mulher, mas ela já havia indo fazer parte da  base do prefeito. Então, Dalua, mesmo sem articular com Davi e Clécio, ofereceu a Luana na ligação, essa proposta de assumir a Secretaria da Mulher Estadual onde há vários lugares e o seu pai também teria um espaço. O presidente Dalua disse que Faraó assumiria seu lugar na Câmara mas ele garantiria que o gabinete dela não seria alterado e que ele mesmo arranjaria espaço para Faraó na presidência, recompondo a base e garantindo a ela um espaço no governo.

Dalua ainda assegura que, caso Luana aceitasse a proposta, trabalharia para extinguir qualquer processo contra ela, alertando que, se houvesse prosseguimento, ela poderia perder o mandato. Após apresentar as propostas, Dalua conclui dizendo:

“Eu acho que um mandato é um mandato, é o teu mandato, é a tua história. Eu só não sei a que ponto está a tua relação com a prefeitura e com o prefeito e se vale realmente a pena. Se tu me disser assim: ‘Dalua, para mim está valendo a pena, eu vou continuar aqui’. Tudo bem. A minha consciência vai estar tranquila.”

O episódio revela uma grave crise democrática, na qual representantes eleitos são ameaçados e chantageados para seguir interesses de grupos políticos. Caso não cedam, correm o risco de perder seus mandatos sem qualquer base legal.

“Essa gravação é apenas um exemplo do que pode estar acontecendo em várias instâncias de poder no Amapá e no Brasil, onde as negociações envolvem posições ainda mais estratégicas como agências reguladoras e vagas em tribunais. Essa denúncia prova que  a política local está sendo usada como um jogo de interesses, em que cargos e secretarias são trocados por submissão e apoio político.

O episódio expõe o que acontece também em Brasília, onde o comando das casas legislativas concentra o poder de absolver culpados e punir inocentes. Há pouco mais de um mês, quatro deputados federais do Amapá perderam seus mandatos em uma articulação atribuída a Davi Alcolumbre.

A denúncia de Luana reforça uma pergunta crucial: até que ponto a política pode ser considerada negociação legítima e onde começa o crime? O caso escancara que, no Amapá, coerção, perseguição e ameaça parecem fazer parte do cotidiano político, deixando pouco espaço para a real vontade popular.

Um mandato não pode ser transformado em arma política, e as casas legislativas não podem funcionar como territórios dominados por facções. Se não houver freios, a soberania popular corre o risco de ser apenas uma ficção — e a democracia, uma palavra repetida enquanto se implanta uma ditadura silenciosa, perigosa e sem data para acabar.

Adriana Garcia

Jornalista na Amazônia

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