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Ele foi a primeira criança do Maranhão a receber o prêmio de Amigo da Biblioteca.

Nathan Garcia mora em São Luís-MA e nunca frequentou a escola. Ele é o primeiro filho de Edie Garcia, empresário, e Vanessa Garcia, bancária, e começou a ler as primeiras palavras antes de completar 4 anos, conectando os sons, pelo método fonético. Daí em diante, nunca mais parou. Ensinado, principalmente, pelo pai, com quem passa a maior parte do tempo, os livros que já leu são comprados, doados, emprestados ou alugados da Biblioteca Pública, lugar que ele frequentou assiduamente. Ele também ama visitar os sebos da cidade. 

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Aprendeu a ler pelo método fonético antes de completar 4 anos, e não parou mais.

Em entrevista, com o seu pai e a voz de Nathan ao fundo, complementando as respostas, conversamos sobre a opção pela educação em homeschooling, sobre os livros que Nathan já leu, sua rotina, seu desenvolvimento e os resultados positivos que têm sido colhidos ao optar por fazer a educação em casa. 

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O ambiente da sua casa foi todo adaptado para estímular a leitura e outras atividades cognitivas importantes

O pai de Nathan explica que a motivação dele em fazer Homeschooling com seus filhos não tem nada a ver com ideologia política e nem tem motivação religiosa. Tem a ver com a experiência negativa que ele mesmo teve com a escola e não queria que seus filhos passassem pelo que ele passou.

"Eu sempre achei algo de errado na escola. Como sempre tive facilidade no aprendizado, achava entendiante na maior parte do tempo. No Ensino Médio, eu passava um bom período fora da sala de aula e, mesmo assim, conseguia tirar notas boas. O método escolar coloca todos no mesmo nível, sendo que tem os mais lentos e os que aprendem mais rápido, os dois vão ter dificuldades de aprendizado, Acredito que o estudante poderia avançar muito mais, se pudesse avançar nos conteúdos sem precisar acompanhar a turma. Assim como se os estudantes pudessem ir mais devagar nos assuntos que tem mais dificuldades. A minha escolha não tem a motivação político/religiosa como a maioria dos pais que optam pela Educação Domiciliar. Todavia, Deus deu a missão aos pais de educar os seus filhos. Por isso, entendo que a responsabilidade é minha, e não da escola.  Eu sou o principal responsável. A educação ética e moral é para acontecer dentro de casa e será muito mais fácil de acontecer, se eu tenho um acompanhamento mais próximo da criança, se eu tenho tempo de qualidade com a criança, se ela me observa nos dilemas do dia a dia, se ela pode observar as mazelas do mundo e conhecer o máximo de pessoas diferentes possíveis, de religiões possíveis, de idades possíveis, comigo no dia a dia, no trabalho, nas praças, nas lojas, no supermercado. Ela observa como o mundo funciona e como eu interajo com o mundo. Muito diferente do que se ela passar a maior parte do tempo longe da família, com crianças da mesma idade e da mesma classe social" explicou.

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A interação social acontece em vários ambientes, como no Karatê. Seu irmão, Noah, também é aluno em homeschooling.

O pai de Nathan disse que o fato de seu filho não frequentar escola, não interfere em nada quanto à sua interação social. Ele faz natação e Karatê, interage com as crianças da comunidade e costuma frequentar as praças da cidade. "Os prazeres dele são: ler, lego e falar. Gosta de brincar, como toda criança. A vida é, praticamente, sem telas. Só tem telas duas vezes na semana. Duas horas, sexta à noite, um cineminha com a família. E sábado, ele tem três horas para assistir o que quiser. Ele gosta muito de curiosidades. Assistia um canal chamado Incrível. Outra época, ele assistia Manual do Mundo. Hoje, é Reality Show e Anime" compartilha. 

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Nathan se diverte e tem muita energia como qualquer criança. Adora passear na praça e conversar com as pessoas.

Edie Garcia  conta que os primeiros livros que  Nathan começou a ler sem imagens  e que gostou muito, foram todos do Rick  Riordan, toda a saga As crônicas dos Kane, Percy Jackson e os Olimpianos. Já leu Senhor dos Anéis, Nárnia, dentre outros. Leu quatro livros de Júlio Verne. Já leu todos os clássicos infanto-juvenil e juvenil mais conhecidos e alguns clássicos de adulto menos rebuscados também. 

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Nathan lê quase o tempo todo e em lugares inusitados. Para todos onde vai, leva um livro. Aqui, era no circo.

O pai de Nathan conta que ele começou a lê livros de ficção científica. Leu toda coleção O Guia do Mochileiro das Galáxias. Começou com os clássicos como A máquina do tempo, Uma Odisseia no espaço e O homem invisível. O primeiro, de ficção científica mais robusto, foi Eu robô e depois ele foi para o livro Duna, de Frank Herbert,  Admirável mundo novo e O Fundação, de Issac Asimov que tem 873 páginas. Leu também bernard Cornwell, que é história com ficção. "Nathan também gosta de besteirol, Capitão cueca. Gosta de terror e suspense. Já leu dois livros de Stephen King. Leu Maus de Art Spiegelman, o Menino de Pijama listrado, que retrata os campos de concentração na visão das crianças da época. Livros que ele passaria muito tempo lendo seriam livros de curiosidades, como se fossem enciclopédias. Também gosta de mangá, quadrinhos. Dos 1.300 livros, temos uns 1.100, pois muitos eram da biblioteca e emprestados. Os principais gostos literários dele  são ficção científica, terror, suspense e mangá. Desde sempre, a bíblia é parte dos livros que ele lê. Toda semana, ele lê, pelo menos, cinquenta minutos da bíblia. No momento, ele está em Ezequiel. Já leu várias bíblias infantis e tem uma prateleira só de livros cristãos" completa. 

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Com 6 anos, Nathan já "devorava" várias coleções. Superou o que muitos adultos não lêem a vida inteira.

Segundo Edie, o pequeno leitor gosta de Monteiro Lobato. O primeiro livro com mais de trezentas páginas que ele leu foi Reinações de Narizinho. Ele leu vinte e dois livros de Monteiro Lobato e, quase todos,  leu mais de duas vezes. O pai conta que Nathan começou a ir à Biblioteca Pública e leu tanto, que ficou vários meses sendo a pessoa que mais alugou livros, foi o leitor do ano da Biblioteca e, lá, eles têm uma premiação para escritores, para pessoas que incentivam a leitura no Estado. Ele foi a primeira criança do Maranhão a receber a premiação de Amigo da Biblioteca, um prêmio da Biblioteca Pública Benedito Leite, uma das mais antigas do Brasil.  Edie conta que Nathan tem uma grande capacidade de memorização. Memorizou todas as bandeiras de países e capitais do mundo. e as bandeiras de estados e capitais do Brasil. Ele lê, em média,  cinquenta a cem páginas por dia, de dois a três  livros por semana. 

"Como eu não pago escola para ele, então, parte do que eu iria investir em escola, eu invisto em livros. Se for somar a quantidade de dinheiro em livros, tem muito dinheiro investido. Tem coleções de treze livros que, cada um, é oitenta reais. Se ele não tivesse pais com condições de investir, talvez não teria como ler tanto. A biblioteca não tem essa quantidade de opções," disse Edie Garcia.

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Encontro periódico interagindo com outras crianças que também são alunas em Homeschooling

Edie conta que, em 2023, ele levava os filhos, semanalmente, aos sebos de São Luis. "Todos os sebistas da cidade conhecem o Nathan. Meus colaboradores e meus clientes são amigos do Nathan. Temos o Karatê. Temos a natação, os amigos da igreja e os amigos da comunidade de pais e educadores que educam em casa, o CC - Classical Conversations. Temos vizinhos e familiares. Ele tem bastante contato social. Para onde eu vou, eu levo os dois" esclarece. Dentre muitos parceiros nessa jornada de leitura, o Nathan tem um amigão: o Ribamar, dono do sebo Poeme-se.

Perguntado sobre o método que usa para ensinar, Edie explicou que não usa métodos prontos. Ele mesmo escolheu, fez uma seleção de materiais. Começou a alfalbetização com o material do Carlos Nadalim e muita leitura em voz alta - alfabetização fônica. "Na matemática, eu uso o método de Singapura. Eu escolho os materiais com base na própria comunidade CC, onde ele ficou até os seis anos e está voltando agora.  Utilizei muito Educalar. A ANED  - Associação Nacional de Educação Domiciliar, tem assessoria juridica e produz conteúdo que assessora os pais. Hoje, várias escolas de educação clássica também produzem material para educação domiciliar, mas na época que eu comecei, quase não tinha", diz Edie. 

Edie explicou que a educação domiciliar só tem duas provas para validar. "A ideia que tramita em alguns lugares e no Congresso é ter um sistema de validação anual. Atualmente, só tem duas provas: a de Certificação de Ensino Fundamental, que pode fazer a partir dos 15 anos, e a prova do Ensino Médio, que pode fazer acima de 18 anos" . Edie disse que não há supervisão mensal. "Tem portarias em prefeituras que regulamentam em algumas cidades. O tema chegou a ir para o Supremo. Um ministro foi contra a educação domiciliar alegando que a maioria dos abusos ocorrem na família. A maioria dos ministros entendeu que essa modalidade é Constitucional,  porque pela constituição Federal,  três entes são  responsáveis: a sociedade, o Estado e a família. Então, se a família está educando, nao é inconstitucional", compartilhou o pai do Nathan.

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Pai fez um perfil no Instagram @meninodagravataborboleta onde conta as aventuras do pequeno leitor

Edie esclareceu que existe uma lei que é Abandono Intelectual, que persegue alguns pais homeschooling, e que vai depender do conselheiro tutelar. "Por isso que é importante essa votação de conselheiros tutelares de cada cidade. Se o conselheiro tutelar, acredita que o homeschooling é algo errado, por questões políticas ou por qualquer motivo, ele vai começar a perseguir essa família. Existem pais que mudam de cidade porque o conselheiro tutelar vai lá e ele pode tomar a criança dos pais, pela Lei de Abandono Intelectual. Então, existem algumas perseguições que acontecem no Brasil, nao por conta da Constituição, mas por conta dessa lei. Por isso, eu guardo todas as atividades que ele faz, eu registro, filmo. O próprio Instagram é para isso. Uma das motivações de ter feito o perfil @meninodagravataborboleta foi poder fazer esse registro público do desenvolvimento intelectual dele. É uma prova para a sociedade e para o conselheiro tutelar que ele não está abandonado intelectualmente".  Edie explica que escolheu esse nome porque Nathan, ainda pequeno, achava que a gravata borboleta significava que a pessoa estava bonita.  Certa vez, o pai perguntou se ele queria gravar um vídeo e ele correu e colocou a gravata borboleta, sem camisa, para fazer o vídeo.  No perfil do @meninodagravataborboleta onde Nathan compartilha muitas experiências de suas leituras, está escrito: "O mal será bem quando Aslam chegar". E na sua bio, ele colocou: "tenho 9 anos e li mais de 1.300 livros. Livros novos e usados. Dicas de livros. Vida sem telas. Irmãozinho fofo"

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Participando de um evento da AMCLAM, Nathan contou a biografia de Rui Barbosa  e uma lenda sobre ele.

No dia 09 de abril, Nathan Garcia foi convidado para participar da Sessão Solene de Premiação do Concurso Nacional  Pedro Ivo de Poesia 2025, promovido pela AMCLAM - Academia Maranhense de Ciências,  Letras e Artes Militares. Na ocasião, a convite do Coronel Furtado, ele fez uma participação, falando sobre quem foi Rui Barbosa, recitando uma história/lenda que se conta sobre ele. 

Edie lembra que a família foi entrevistada pela TV local, que fez uma reportagem sobre o uso de tecnologiass, sobre os pais que criam os filhos com telas e sem telas. Isso, porque alguém que trabalhava na TV, viu Nathan lendo um livro enquanto aguardava na sala de espera de um consultório e ficou admirado de não ser um celular, o que  é bem comum. O pai finalizou dizendo que ele lê em todo lugar, nao consegue andar sem livro e a leitura, para ele, é um prazer.

Adriana Garcia

Jornalista na Amazônia

CONTRIBUA QRCODE ADRIANA

 

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Sócia Criadora, Jornalista, Editora Chefe e Articulista do Site Conservador News.

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Advogada, Membra da ACB (Advogados Conservadores do Brasil) e Articulista do Site Conservador News. 

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