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 ranking competitividade

Não há o que comemorar e há muito trabalho pela frente. Somente boas escolhas políticas podem mudar este quadro.

Um retrato preocupante da gestão pública amapaense

De acordo com o Ranking de Competitividade dos Estados 2025, o Amapá piorou em relação ao ano anterior em quase todos os pilares avaliados.
Esse ranking é uma ferramenta que busca orientar a atuação dos líderes públicos brasileiros na melhoria da competitividade dos estados, analisando 10 pilares principais, cada um com peso diferente. O conjunto fornece uma visão sistêmica sobre a qualidade da gestão pública estadual.

A seguir, o desempenho do Amapá em cada um desses pilares e o que ele revela sobre a realidade do nosso estado.

1. Segurança Pública — Último lugar

A segurança pública, um dos pilares de maior peso, é o reflexo direto do funcionamento das instituições do Estado.
Sem segurança, nenhum investidor se sente atraído a aplicar recursos em um lugar.

Entre os indicadores:

  • Atuação do sistema de justiça criminal — 14º
  • Presos sem condenação — 7º
  • Déficit de vagas — 20º
  • Mortes a esclarecer — 1º lugar
  • Segurança pessoal — último lugar
  • Feminicídio — 1º lugar
  • Segurança patrimonial — 26º
  • Qualidade da informação de criminalidade — 25º

Um retrato alarmante da incapacidade estatal de garantir o básico: a vida e a integridade das pessoas.

2. Sustentabilidade Social — 26º lugar

Esse pilar mede a eficiência das políticas públicas para reduzir vulnerabilidades e garantir direitos fundamentais.
O Amapá aparece nas últimas posições em quase todos os indicadores:

  • Inadequação de moradia — último lugar
  • Acesso a saneamento básico (água e esgoto) — 25º lugar
  • Mortalidade precoce — último lugar
  • Cobertura vacinal — último lugar
  • IDH — 25º
  • Mortalidade infantil — 26º
  • Trabalho escravo — 1º lugar, junto com Acre, RN e Sergipe.

Mesmo com riquezas naturais abundantes, o Amapá segue incapaz de oferecer qualidade de vida mínima à sua população.

3. Educação — Último lugar

A educação, base de todo desenvolvimento, é um dos piores pontos.
Sem ensino de qualidade, não há competitividade, progresso ou consciência política.

Indicadores:

  • IDEB — 26º lugar
  • ENEM — 24º
  • Oportunidade de educação — último lugar (junto com o Maranhão)
  • Frequência líquida no ensino médio — último lugar
  • Atendimento infantil — último lugar

Uma população sem acesso a boa educação não tem discernimento para cobrar, escolher bem e mudar a realidade.

4. Infraestrutura — 22º lugar

O Amapá enfrenta deficiências históricas em infraestrutura:

  • Qualidade das rodovias — 26º lugar
  • Qualidade da energia elétrica — 25º
  • Disponibilidade de voos diretos — 25º
  • Qualidade dos serviços de telecomunicações — último lugar

Esses indicadores explicam por que o estado permanece isolado e pouco atrativo ao investimento privado.

5. Solidez Fiscal — 18º lugar

Apesar de alguns avanços pontuais (como solvência fiscal em 3º lugar), o Amapá segue dependente de repasses federais (26º lugar) e gastando mal seus recursos públicos.
Sem gestão responsável, não há crescimento sustentável.

6. Eficiência da Máquina Pública — Último lugar

A administração pública é ineficiente, cara e improdutiva.
O estado aparece mal em quase todos os quesitos:

  • Custo do Executivo no PIB — último lugar
  • Custo do Legislativo — 25º
  • Qualidade da informação contábil e fiscal — último lugar
  • Produtividade do Judiciário — 24º

Ou seja: gasta-se muito, entrega-se pouco e com transparência limitada.

7. Sustentabilidade Ambiental — 12º lugar

Apesar de ser um dos poucos pilares em que o estado se destaca, ainda há graves falhas:

  • Reciclagem de lixo — último lugar
  • Tratamento de esgoto — último lugar
  • Coleta seletiva — último lugar
  • Recuperação de áreas degradadas — último lugar

Mesmo com grande cobertura vegetal, o Amapá não transforma sua riqueza ambiental em desenvolvimento sustentável.

8. Potencial de Mercado — 14º lugar

O tamanho da economia ainda é limitado.
Embora o estado tenha boa taxa de crescimento (4º lugar), sofre com inadimplência em último lugar e mercado consumidor reduzido (25º).
Ou seja, o potencial existe, mas é travado pela má gestão.

9. Capital Humano — 18º lugar

A qualificação da mão de obra continua sendo um gargalo.
Com alta desocupação de longo prazo (24º lugar) e baixa inserção econômica de jovens (22º), o Amapá não prepara seu povo para as oportunidades que chegam, como a indústria do petróleo e gás.

10. Inovação — 23º lugar

Sem investimento em pesquisa e desenvolvimento, não há inovação nem progresso econômico real.

  • Investimentos públicos em P&D — 25º
  • Informação e comunicação — 25º
  • Estrutura de apoio à inovação — 16º

O estado não estimula a ciência nem o empreendedorismo tecnológico, fatores essenciais para gerar novos empregos e competitividade.

ranking outro

Pelos números, não é exagero e nem intriga da oposição afirmar que o Estado está sendo governado pela turma do atraso.

Um retrato de retrocesso

Os números não representam apenas estatísticas: eles revelam décadas de má gestão, omissão e incompetência política.
Não se trata de estagnação, o que já seria ruim. Há retrocesso.

A situação reflete a baixa qualidade dos gestores públicos, muitos dos quais permanecem no poder há décadas, prometendo sempre o que jamais entregam.

A escolha política e a responsabilidade do eleitor

Enquanto o analfabetismo funcional e a desinformação persistirem, o eleitor continuará sem discernimento para conectar suas escolhas políticas à sua própria realidade.
Por isso, prometer melhorar a educação e não cumprir é uma estratégia de sobrevivência política.

É sintomático ver o ex-governador Waldez Góes, que governou o estado por 16 anos, hoje como ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, sendo justamente o símbolo do atraso que o ranking expõe.

Como esperar que alguém que não promoveu o desenvolvimento do Amapá faça isso agora em escala nacional?

Um futuro ameaçado pela chegada da indústria do petróleo

A chegada da indústria de óleo e gás poderia representar uma revolução econômica.
Mas, em um estado que está em último lugar nos indicadores essenciais para competitividade, o risco é que essa riqueza seja explorada sem gerar benefícios locais.

Sem gestão responsável, o Amapá corre o risco de ser depenado — e não desenvolvido.

Hora de virar o jogo

Em 2026, o eleitor amapaense precisa adotar uma nova postura:

  • Estudar os pilares e indicadores.
  • Escolher líderes com capacidade técnica e moral.
  • Rejeitar os mesmos grupos políticos que afundaram o estado.

Não se vota por amizade, religião ou favores pessoais.
Vota-se em quem tem caráter, competência e coragem para mudar o destino do Amapá.

ranking macapa amapa

Escolher as mesmas pessoas tem sido um erro fatal que já está custando muito caro para a sociedade amapaense.

O futuro está nas mãos de quem vota

Se os gestores não garantem nem segurança pública, como atrair investidores?
Se não oferecem saneamento básico, como falar em desenvolvimento?

Um governo que não protege suas mulheres, não combate a violência e não assegura direitos básicos, é um governo que representa a própria desordem.

O Amapá tem potencial, tem gente qualificada — mas essas pessoas estão sendo silenciadas e substituídas por incompetentes indicados por conveniência política.

O ano de 2026 é um divisor de águas: ou estancamos o prejuízo, ou perpetuamos o atraso.

Nenhum benefício pessoal compensa o mal coletivo das más escolhas.
A pergunta final é: quem vai administrar os royalties do petróleo — e com que propósito?

O futuro do Amapá depende das nossas escolhas.
Se queremos sair do último lugar, precisamos parar de acreditar nos mesmos que sempre nos mantiveram nele.

Adriana Garcia

Jornalista na Amazônia

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