A COP 30 vem na Amazônia com planos para ela. Mas o Amazônida tem planos e não são os das ONG's
Nada poderia ser tão simbólico — e, para alguns, tão desconfortável — quanto a escolha de realizar a COP30 no coração da Amazônia. Não mais pelo que a conferência decidirá, se é que decidirá algo relevante. O real impacto está em outro lugar: no despertar do povo amazônida, que, pela primeira vez, começa a entender que pode — e deve — ser protagonista do seu próprio destino.
O movimento que começou em 1972, na Conferência de Estocolmo, e que se imaginava acelerar agora em sua trigésima edição no Brasil, perde força justamente por estar ocorrendo na região mais cobiçada e disputada do planeta — a Amazônia. Ironia ou não, o palco das discussões climáticas se vê obrigado a encarar aquilo que sempre tentou evitar: o debate sobre o desenvolvimento da Amazônia para os amazônidas.
O velho roteiro parece esgotado. A narrativa não encontra mais eco. A sensação que se espalha é clara: se a COP não vier tratar de desenvolvimento real, geração de riqueza, dignidade e soberania para quem vive na Amazônia — então, que levem suas ONGs, seus discursos prontos e seus jatinhos movidos a combustível fóssil de volta para casa.
A realização do evento no Pará está obrigando o povo da região a entender seu próprio valor, seus direitos e a estudar, com profundidade, o que realmente está em jogo. É o início de uma tomada de consciência coletiva: sim, é possível sair da miséria, gerar riqueza e progresso, sem ser tratado como criminoso ambiental. Pela primeira vez, até os povos indígenas estão se organizando para se posicionar de forma ativa.
O que se escancara é um plano claro e antigo: transformar essa faixa de terra, de rios e de riquezas minerais e biológicas — que não existe igual no planeta — em um “patrimônio mundial”. Na prática, isso significa ceder, sem controle, às vontades de ONGs e governos estrangeiros que ditam o que o Brasil pode ou não fazer com seus próprios recursos. Enquanto isso, paradoxalmente, o país não consegue sequer autorizar uma empresa nacional e reconhecida mundialmente como a Petrobrás, a explorar de forma sustentável o petróleo que é seu por direito.
A "lenga-lenga do Ibama", já reconhecida até pelo próprio presidente, tornou-se uma caricatura do aparelhamento de órgãos públicos, submetidos a interesses externos, travando o desenvolvimento nacional em nome de um suposto ambientalismo que serve muito mais a interesses internacionais do que ao povo brasileiro.
As pré-COPs que começam a pipocar por toda a região já revelam uma mudança de tom. O povo está cansado. Cansado de ser responsabilizado, há décadas, por manter o equilíbrio climático do planeta... às custas da sua própria miséria. Chega! É hora de romper com essa lógica perversa que sacrifica o amazônida para garantir o bem-estar de quem vive confortávelmente em seus países desenvolvidos.
A saída dos Estados Unidos de vários acordos climáticos já mostrava o enfraquecimento desse teatro globalista, onde poucos decidem e muitos obedecem. A ciência do medo, alimentada por interesses econômicos disfarçados de preocupação ambiental, começa a perder força — ou, ao menos, começa a perder plateia.
Hoje, a Amazônia ensaia seus primeiros passos rumo à prosperidade. E esse caminho começa pela elevação da consciência de quem vive aqui. O sistema, percebendo isso, reage — e, como sempre, troca os nomes: chamam nosso desejo de desenvolvimento de “ameaça ambiental”. Para eles, o mundo todo pode crescer, consumir e enriquecer... menos o Brasil.
Mas quanto mais eles insistem, mais nós resistimos rumo a uma independência que até hoje existiu apenas no papel.
Às ONGs internacionais e seus representantes, que adoram dizer ao Brasil o que o país deve fazer, fica o aviso: podem vir quentes, porque aqui estamos fervendo e não é de queimadas. E, mais do que nunca, dispostos a viver nosso destino, assumir nosso protagonismo e resgatar aquilo que, por direito, sempre foi nosso. Quem quiser continuar tirando nossas riquezas, que saiba — terá que encarar um povo que há 500 anos carrega um grito preso na garganta.
Adriana Garcia
Jornalista na Amazônia
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