
O prefeito mais bem avaliado entre as capitais do Brasil, com 87% de aprovação, está em primeiro lugar nas pesquisas para o governo.
O episódio de 17 de agosto expôs a estratégia da velha política: transformar um tumulto armado em processo de cassação.
No dia 17 de agosto, a tradicional agenda de domingo do prefeito Dr. Furlan foi palco de um episódio que, a cada dia, mostra sinais de ter sido premeditado. Pessoas suspeitas provocaram tumultos que rapidamente ganharam destaque nos principais jornais e sites locais e nacionais — uma velocidade que, por si só, levanta suspeitas de orquestração.
É evidente que uma mesma cena pode ser interpretada sob diferentes ângulos. Cada pessoa enxerga com o filtro do próprio caráter, preferências e sentimentos. Mas quando apenas um ângulo é massificado pela imprensa, isso revela um enredo montado para conduzir as massas ao julgamento que interessa a quem controla a narrativa.
Partindo dessa reflexão, o que trago aqui é um contraponto: informações sobre o contexto político que cercam o episódio, para que o leitor possa fazer suas próprias ponderações.
O avanço de Furlan e a reação das oligarquias
Dr. Furlan foi eleito em 2020 derrotando Josiel Alcolumbre, irmão do senador Davi Alcolumbre, mesmo enfrentando o peso das máquinas municipal e estadual. Médico cardiologista e então deputado estadual em terceiro mandato, Furlan chegou ao cargo sem grande liderança política, mas agarrado ao desejo popular de mudança.

Sua esposa, Rayssa Furlan, lidera a corrida para o senado, tirando a vaga de Randolfe que faz parte do grupo do atraso.
Desde o primeiro dia, trabalhou de forma incansável. Em apenas dois anos, conquistou a adesão popular como nenhum outro político local havia feito, justamente porque tomou a decisão de trabalhar e entregar resultados. Macapá mudou de patamar em qualidade de serviços e obras. Isso passou a incomodar as oligarquias que há décadas dominam o Amapá.
Em 2022, quase conseguiu eleger sua esposa, Rayssa Furlan, ao Senado, tirando a vaga de Alcolumbre. A partir daí, os dois grupos se tornaram adversários declarados. O governo estadual passou a boicotar a prefeitura, negando convênios e recursos, mesmo que a capital concentre 60% da população do estado. Ainda assim, com apoio de parlamentares aliados e emendas, o prefeito seguiu entregando obras.

Dr. Furlan arrasta multidões e, por isso, ameaça o grupo do atraso liderado pelo senador Davi Alcolumbre.
Mesmo diante desse bloqueio, Furlan foi reeleito em 2024 com expressivos 85% dos votos válidos. O resultado abalou as estruturas da política tradicional e reforçou o temor das velhas elites de que o próximo passo seja sua eleição para governador — cenário já apontado pelas pesquisas, mesmo sem ele ter lançado candidatura.
O “teatro armado”
Foi nesse contexto que surgiu o episódio do domingo, com a atuação do jornalista Heverson Castro, conhecido por colecionar em suas redes sociais ataques e fake news contra o prefeito e sua família. Ele mesmo declarou em grupos de WhatsApp que tinha a “missão” de confrontar Furlan durante a agenda, convidando outros para participar.

Dr. Furlan sempre tratou a imprensa com respeito. No domingo, o objetivo do repórter foi, claramente, causar tumulto para gerar repercussão.
Ou seja: não se tratava de jornalismo, mas de uma provocação premeditada. A pergunta feita foi capciosa, sobre uma obra que não estava atrasada. O prefeito sequer respondeu. A atitude intempestiva de Furlan, registrada em vídeo, ocorreu diante de algo mais grave que ele teria notado no momento.
Curiosamente, o vídeo divulgado omite partes importantes, como a agressão de dois acompanhantes do repórter contra servidoras da prefeitura. Nenhum deles estava identificado como imprensa. O material que circula mostra apenas o recorte que interessa a quem quis criar a narrativa de “prefeito contra jornalista”.
Eu estava no local, cobrindo a agenda como sempre faço. Vi apenas o tumulto e, como muitos, temi que algo mais grave estivesse acontecendo, lembrando imediatamente do atentado a Bolsonaro em 2018. O pânico se espalhou e era necessário retirar os envolvidos para evitar uma tragédia.
O prefeito, no dia seguinte, em suas redes sociais, reconheceu ter se excedido, pediu desculpas publicamente e reafirmou seu respeito à imprensa.
A repercussão fabricada
A repercussão nacional foi quase instantânea e de um único ângulo: o de agressão a um jornalista. Associações como FENAJ e ABRAJI saíram em defesa dos envolvidos, mas não tiveram a mesma postura em outros casos de jornalistas perseguidos ou exilados no Brasil. Essas entidades, assim como parte da grande mídia, recebem recursos externos — como os repasses da USAID — e têm histórico de agir seletivamente, de acordo com seus interesses políticos.
O episódio, portanto, encaixa-se em um padrão: criar uma narrativa pronta, dar-lhe ampla visibilidade e usá-la para fragilizar adversários políticos.
O processo-relâmpago na Câmara
Para completar o roteiro, um dos envolvidos protocolou, já no dia seguinte, um pedido de abertura de processo na Câmara Municipal contra o prefeito, por crime de responsabilidade. De forma relâmpago, o presidente da Casa, vereador Dalua — aliado de Davi Alcolumbre — colocou o pedido em votação.

Dalua é presidente da Câmara, aliado do Alcolumbre. Colocou em votação e votou, aprovando a abertura do processo por 12 votos a 10.
Por 12 votos a 10, foi aprovada a abertura de investigação. A comissão formada por três vereadores via sorteio, tem apenas um representante da base governista. A audiência estava repleta de apoiadores do prefeito, que entoavam gritos de “Golpe não!” e “Prefeitão!”.
A semelhança com inquéritos já criticados nacionalmente é gritante: conclusão antes mesmo de investigação.
Golpe a céu aberto
Estamos diante de mais um capítulo da velha política amapaense, que tenta usar instituições e imprensa para neutralizar adversários. Furlan é hoje o prefeito mais bem avaliado entre as capitais brasileiras, com mais de 180 obras entregues em quatro anos e meio de gestão, e é apontado como favorito ao governo do estado.
O episódio do domingo, a repercussão seletiva e o processo aberto às pressas não são coincidência: fazem parte de uma estratégia para impedir que nomes fortes e populares cheguem ao poder.

Apoiadores do prefeito estiveram em peso na Cãmara, não abrem mão do Dr. Furlan como governador e denunciam o golpe.
Como já aconteceu em nível nacional, o objetivo é calar lideranças que ameaçam o status quo, sob a narrativa de que são “agressivos” ou “sem decoro”. Mas a verdade é simples: estamos diante de um golpe político disfarçado de defesa do decoro.
E, como em toda guerra, a primeira vítima é a verdade.
Adriana Garcia
Jornalista na Amazônia
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