
É preciso identificar os que abortaram por anos essa exploração e agora embalam a criança como se fossem os pais
Um dia histórico para o Brasil
Sem dúvidas, o dia 20 de outubro de 2025 ficará marcado na história do Brasil. Foi o dia em que, à fórceps, o IBAMA aprovou a licença para que a Petrobras possa finalmente realizar a pesquisa e, posteriormente, a exploração de petróleo na Margem Equatorial.
Quando recebi a notícia, confesso que duvidei. Achei que era brincadeira ou que ainda haveria novas manobras para impedir ou atrasar novamente o processo. Amanhã, a sonda alugada pela Petrobras teria que ser devolvida. O órgão ambiental protelou o máximo que pôde, fazendo a empresa brasileira perder R$ 4 milhões por dia apenas com o aluguel da sonda, além de outras inúmeras despesas para atender às exigências do IBAMA ao longo do processo — como a construção do Centro de Reabilitação e Despetrolização de Fauna (CRD) em Belém (2023) e outro centro no Oiapoque (2024).
A esses enormes prejuízos somam-se os valores que o país deixou de arrecadar por não poder explorar, as oportunidades perdidas e a ameaça crescente à segurança energética e à soberania nacional.
A pressão da sociedade e o jogo político
Desde outubro do ano passado, a sociedade civil organizada no Amapá iniciou uma pressão firme para que esse dia chegasse. Parlamentares do Estado foram cobrados a colocar os interesses nacionais e regionais acima das ONGs internacionais que influenciam órgãos como o IBAMA e o ICMBio.
Embora a pressão popular tenha surtido efeito, ela não foi o único fator determinante. As eleições de 2026 estão às portas, puxando para um lado, enquanto a COP 30 em Belém puxa para o outro. A quem agradar? De quem se indispor? Que ganhos ou prejuízos políticos escolher nessa encruzilhada?
Esse tema nunca deveria ter gerado dúvidas: o Brasil precisa usar suas potencialidades minerais para transformar a vida das pessoas da região mais pobre do país. Seria o óbvio — se não tivéssemos sido, por décadas, adestrados por organizações internacionais que lucram com nossa miséria e nos proíbem de tocar o que eles exploram livremente.
As amarras legais e o preço do atraso
É preciso registrar para a história quem lutou contra esse avanço e impôs limites ao nosso desenvolvimento. Ao longo dos anos, criaram-se leis que impedem a população de usufruir as áreas mais ricas do país, travando o progresso sob o manto da narrativa ambiental.
O povo precisa examinar minuciosamente quem promulgou essas leis impeditivas. Se a Petrobras perde R$ 4 milhões por dia, quantas gerações perderam suas vidas, seus sonhos, sua dignidade — sem saúde, educação ou saneamento básico?
Quem reparará esse dano? Impossível. Mas nomear os responsáveis é essencial, para que esses mesmos atores não se perpetuem no poder e não condenem as próximas gerações.
A hipocrisia de quem sempre travou o progresso
Os mesmos que abortaram o desenvolvimento no passado agora se apresentam como “pais da criança”, embalando-a com hipocrisia e sordidez.
São os que defendiam a criação de reservas marinhas em toda a Margem Equatorial, os representantes do ambientalismo xiita no Amapá, aliados do IBAMA, ICMBio e Marina Silva. Hoje, fingem demência e comemoram um avanço que, na verdade, estampa o atraso de décadas para o povo do Norte fomentado exatamente por eles.
Se não fosse a pressão popular, o ICMBio teria empurrado goela abaixo mais uma reserva ambiental em julho deste ano. O próprio presidente do órgão, Mauro Pires, se disse espantado ao ver três políticos que antes eram contra a exploração e hoje se declaram a favor.
Nós, povo do Amapá, também desconfiamos desses “convertidos” de última hora — os mesmos que travaram o processo e agora posam de heróis.
Marketing político e oportunismo
Muitos desses políticos têm trânsito livre na Petrobras, mas nunca enfrentaram quem realmente travava o processo. Ir ao Rio de Janeiro conversar com diretores e dizer que isso é “buscar soluções” é subestimar a inteligência do povo.
Se quisessem resolver de verdade, teriam enfrentado as pedras ideológicas no caminho e os interesses que sustentam esses órgãos no Brasil. Mas, em vez disso, preferiram fazer vídeos, campanhas e gastar milhões em marketing para aparentar heroísmo.
O mesmo grupo político que agora se apropria dos louros da vitória foi contra o Marco do Saneamento, sendo seu estado um dos piores no país — hoje com apenas 7% de cobertura, graças à privatização.
Os que negaram o preparo para o progresso
Esses mesmos atores políticos, que agora se dizem “prontos para administrar os royalties”, são os responsáveis por décadas de atraso.
- Não concluíram a BR-156, ligação estratégica entre Macapá e Oiapoque.
- Mantêm os maiores índices de violência, o que afasta investimentos.
- Comemoram o asfaltamento das primeiras ruas do Oiapoque como se fosse grande feito.
- E ainda têm coragem de dizer que “pior do que não ter oportunidade é não estar preparado para ela” — mesmo sendo os que nunca prepararam o povo para as oportunidades do petróleo.
O foco deles nunca foi elevar a vida da população, e sim garantir o controle dos royalties e o assistencialismo como política permanente.
Os verdadeiros protagonistas
Diante de tanta falsidade e apropriação, é justo reconhecer quem realmente lutou:
- Senador Lucas Barreto, que defendeu os amapaenses condenados à miséria em nome de um discurso ambiental imposto.
- Deputada Federal Silvia Waiapi, que realizou reuniões com a FREPPEGEN (Frente Parlamentar de Petróleo, Gás e Energia) e a Frente Parlamentar pelo Livre Mercado, liderando debates, audiências públicas e garantindo emendas para cursos de petróleo e gás no IFAP e formação de aquaviários pela Marinha.
- Deputado Estadual Delegado Inácio, que esteve no Oiapoque enfrentando ONGs e grupos que manipulam lideranças indígenas para lutar contra o próprio desenvolvimento.
Além deles, a OAB/AP teve papel decisivo, sendo palco de discussões e defendendo a soberania nacional quando o ICMBio ameaçava ceder à vontade de ONGs estrangeiras.
Também merecem reconhecimento os cidadãos anônimos, os que debateram nos grupos de WhatsApp, os que se prepararam para as oportunidades, os poucos jornalistas que informaram com responsabilidade e todos os que oraram e acreditaram.
Essa vitória é, de fato, do povo do Amapá!
O papel da gestão municipal
O prefeito de Macapá, Dr. Furlan, há cinco anos vem melhorando infraestrutura, segurança, educação e saúde — independentemente do petróleo. Sua gestão demonstra que quem quer desenvolvimento age, não cria desculpas.
O acordo de cooperação técnica da Prefeitura de Macapá com a Prefeitura de Macaé pode tornar Macapá a capital do petróleo do Norte, graças à sua visão e proatividade.
O que está em jogo a partir de agora
Nos bastidores desse processo, há quem trabalha e quem faz marketing. Há quem constrói e quem sabota. Há quem prepara o Estado e quem causa o caos — como por exemplo, o caos na saúde em que estamos mergulhados neste momento.
Em 2026, caberá à população decidir quem deve administrar os royalties e quem realmente trabalha pelo desenvolvimento do Amapá, e não apenas para se manter no poder.
Adriana Garcia
Jornalista na Amazônia
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