A participação do Amapá na economia nacional é de apenas 0,2%., Um Estado mendigo, mas rico!
A discussão sobre o tema já se tornou prioridade, tanto nas redes sociais, como nas rodas de conversas presenciais. Todos estão de olho nas enormes oportunidades que virão para a região, que atualmente registra mais pessoas inscritas em algum benefício social do que pessoas com carteira assinada. A sua economia gira em torno do contracheque municipal, estadual ou federal. Fato que tem sido a principal causa de jovens, e até famílias inteiras, irem para o Sul do Brasil, especialmente Paraná e Santa Catarina, em busca do emprego que não encontram aqui.
A sociedade civil organizada, desde outubro do ano passado, decidiu que esse assunto não será esquecido até se tornar realidade. Um dos movimentos tomou uma proporção tão grande, que se tornou até um Instituto - O IAMPER - Instituto Amazônico de Petróleo e Energias Renováveis.
Parte significativa da população tem feito pressão junto aos políticos locais em suas redes sociais. Representantes de movimentos populares também têm se reunido com os parlamentares que já estão engajados. Além disso, através de seus grupos no Whatsapp e de suas contas no Instagram, os movimentos informam sobre tudo que diz respeito ao Petróleo e a sua repercussão econômica e social, para alcançar a população em geral e provocar os órgãos competentes, principalmente quanto às necessidades de infraestrutura e de qualificação e formação de mão de obra local.
Ontem, o presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre, publicou em suas redes sociais a aprovação feita pelo IBAMA do plano da PETROBRÁS para a limpeza da sonda que será utilizada na perfuração da Margem Equatorial. "Essa autorização é um passo importante para que a companhia obtenha a licença ambiental necessária e avance com essa atividade exploratória de forma responsável e sustentável", escreveu o Senador.
Macapá, com 442 mil habs e Santana, com107 mil habs, concentram quase 70% da população do Estado.
PESQUISA EXCLUSIVA
Junto com essa notícia que aproxima o sonho do povo do Amapá de se tornar realidade, divulgamos a seguir, o resultado de uma pesquisa que fizemos nos últimos três meses, via formulário digital, colhendo informações de pessoas de várias classes sociais e espectros políticos. Quase a metade das sessenta e oito pessoas que responderam ao questionário eram funcionários públicos, com a participação expressiva também de empresários, prestadores de serviços, advogados e formadores de opinião.
O objetivo era ouvir quem nasceu ou mora no Amapá. Cinquenta e nove por cento dos participantes nasceram e moram no Estado e trinta e sete por cento, só residem. Noventa e um por cento das pessoas que responderam a pesquisa são a favor da exploração do petróleo na Margem Equatorial, enquanto seis por cento se declararam contra.
A grande maioria dos que se declararam a favor, justificaram sua resposta por causa do desenvolvimento social e econômico que a exploração do petróleo vai gerar, bem como a aplicação dos royalties em infraestrutura, na saúde, educação, segurança e melhor qualidade de vida, inclusive, tirando o Amapá desse isolamento geográfico que sempre dificultou o seu crescimento. Abaixo, seguem alguns argumentos a favor e contra a exploração do petróleo que considero importantes para análise.
ARGUMENTOS CONTRA E A FAVOR
"O Amapá figura na última colocação do PIB Nacional. Isso se deve ao isolamento, ao descaso e esquecimento por parte dos políticos locais e do Congresso Nacional, assim como do Executivo Nacional. Do ponto de vista geográfico, o Amapá está estrategicamente posicionado, o que representaria um ganho significativo para as entradas e saídas de mercadoria pelo Amapá, representando um aumento considerável na competitividade internacional e uma redução considerável na cadeia logística. O Amapá precisa de investimentos para desenvolver o primeiro e segundo setores, para destravar o seu desenvolvimento, atraindo indústrias de transformação, agregando valor à matéria prima, atraindo grandes empresas de produtos e serviços. E a exploração de petróleo na Costa, representa uma oportunidade ímpar de impulsionar e colocar o Amapá no cenário de competitividade nacional e, quiçá, internacional. A exploração representará ganhos em infraestrutura portuária, aeroportuária, estradas, geração de empregos diretos e indiretos, atração de empresas de serviços, máquinas, equipamentos e peças, promoção do turismo, hotelaria, gastronomia, capacitação e aperfeiçoamento profissional. Os ganhos sociais e econômicos serão sem precedentes na história deste Estado esquecido e abandonado pela Bancada Congressista Nacional, assim como pelo Executivo Nacional". Thony Furtado. Advogado e engenheiro de produção. Macapá-AP.
"A Exploração Responsável do Petróleo no Amapá é uma possibilidade real de desenvolvimento econômico para o Estado. O desenvolvimento deste setor impactará gerações e encerrará esse ciclo, onde os amapaenses precisam ir embora em busca de oportunidade. Precisamos que ocorra a libertação do povo da política do contracheque". Emanuela Fortunato. Formadora de opinião. Macapá-AP.
"Nasci e moro no Amapá há quarenta e sete anos, e essa é uma oportunidade de crescimento econômico, o que vai gerar empregos a essa população tão sofrida, com muitos desempregados e até passando fome. Além disso, com a exploração. vamos ter recursos para investir em saúde, educação, cultura, lazer e, na verdade, em tudo o que é necessário para o povo viver com dignidade". Neuraci de Morais. Servidora Pública .Distrito do Cachaço , Serra do Navio - AP.
"Sou a favor, pelo desenvolvimento do nosso Estado. Quem é contra, não vive em Oiapoque, não anda de ônibus e nem de barco, muito menos a pé nesta cidade maravilhosa que é Oiapoque, para ver o quanto passamos por dificuldades financeiras . Nós não merecemos viver eternamente na pobreza por opinião de pessoas que têm condições financeiras". Tânia Regina de Almeida. Formadora de opinião. Oiapoque-AP
"Sou contra. Devido o risco de vazamento e poluição das nossas águas e boa parte da mão de obra dessas empresas é externa, assim como as próprias empresas. É igual as hidrelétricas. A maior parte dos ganhos não ficam aqui para Estado. Só ficam migalhas, lixo e cidades fantasmas, assim como em Serra do Navio. Aqui, são três hidroelétricas, além das estações de produção solar, e pagamos um absurdo em energia. Só daí, dá para ter uma ideia da exploração de petróleo". Jorge. setor de serviços.
"Essa exploração resultará em grandes impactos ambientais, visto que a segurança ambiental ainda é insuficiente. Por esse motivo, sou contra". Ludmilla.
Oiapoque, município mais próximo de onde deve acontecer a exploração, tem 27 mil habs e fica a 580 km da capital.
Perguntadas sobre qual o grau de conhecimento sobre o assunto, 39,7% das pessoas que responderam ao questionário disseram que têm conhecimento moderado. 30,9% conhecem bem e o suficiente sobre o tema e 23,5% declararam ter pouco conhecimento.
Um aspecto bem positivo é que 88,1% dos participantes estão abertos a receber informações pertinentes ao tema "exploração do petróleo na Margem Equatorial". Outro dado digno de nota é que 75% das pessoas têm defendido o que acreditam, elas têm sido multiplicadoras em suas áreas de atuação, despertando o interesse de outros moradores da região sobre esse assunto tão importante que vai mudar a vida de milhares de pessoas. O percentual dos que apenas acreditam, mas não se envolvem ativamente no debate é de 23,9%.
As pessoas que têm atuado em suas áreas como multiplicadoras de conhecimento, em sua maioria, disseram que estão fazendo isso através das redes sociais, participando ativamente de grupos, compartilhando com seus contatos as informações que recebem nos grupos e que vêem nas redes sociais, participando de audiências públicas, cobrando os parlamentares e buscando conhecimento para orientar familiares, amigos e conhecidos a respeito das oportunidades que virão.
Perguntados sobre quais são os entraves principais para o desenvolvimento econômico e social do Amapá, e tendo a oportunidade de escolher mais de uma opção, em primeiro lugar, recebendo 66% dos votos, o principal entrave considerado pelos participantes foi a falta de vontade política. O segundo entrave mais votado, com 51,5% foi a corrupção, empatando com leis ambientais rígidas e proibitivas. O terceiro lugar escolhido por 45, 5% dos participantes, a interferência internacional foi considerada um dos entraves. Dos que acreditam que a falta de participação da sociedade na luta por seus ideias também impede o desenvolvimento, somam 35%. O isolamento geográfico foi escolhido por 19,7%, e 18.2 % também acreditam que a falta de mão de obra qualificada é um entrave.
Como podemos perceber, a falta de vontade política, a corrupção e leis ambientais rígidas, foram os principais entraves identificados na pesquisa. A sociedade local tem consciência da raiz do problema, mas sem oportunidade de emprego e renda, ela continua refém do que mais lhe atrapalha. Inclusive, a preocupação é que, com a exploração, os lucros fiquem concentrados apenas à classe política e aos seus empresários aliados, sem que o povo sinta os benefícios dessa transformação no seu bolso e numa melhor qualidade de vida. Há uma parcela da população incrédula quanto ao uso dos recursos. Ela acredita que o petróleo deve ser explorado, sabe que vai trazer riquezas, mas não acredita que o povo será, de fato, o maior beneficiado.
Na pesquisa, 83% declararam não concordar que ONG's internacionais imponham suas regras de como devem ser as leis ambientais no Amapá, e 11,9% concordam com essa interferência. Esse dado sinaliza problemas à vista para a COP 30, que vai acontecer em Belém - PA, no mês de novembro deste ano. Se outros Estados da Amazônia, em sua maioria, também discordam quanto a interferência internacional no uso dos nossos recursos naturais, milhares de ongueiros que chegarão no evento por meio de aviões abastecidos com gasolina, não terão eco para as suas narrativas e incoerências cada vez mais desmascaradas por uma grande parcela da população brasileira.
Perguntados sobre quais seriam as suas principais preocupações, caso haja a aprovação da exploração do petróleo na região, em primeiro lugar com 25,8%, a maior preocupação é a corrupção dos políticos locais desviando para si os recursos que deveriam chegar ao povo. Empatados, com 19,7%, estão a falta de mão de obra local qualificada para ser aproveitada nos principais postos de trabalho e a falta de um projeto à longo prazo para manutenção do desenvolvimento social e econômico na região. Dos que declararam se preocupar com a atual falta de infraestrutura para receber o projeto como: estradas, moradias, escolas, segurança, somam 13,6% e 9,1% disseram se preocupar com a falta de uma estrutura de segurança na fronteira,causando problemas com outros países.
Os participantes que se declararam a favor da exploração do Petróleo, foram perguntados sobre qual seria a sua principal motivação. Com a possibilidade de escolher mais de uma opção, a geração de emprego e renda para a população local recebeu 64,6% de votos. Em segundo lugar, a mais votada, foi a motivação de libertar a população do Amapá da política do contracheque e contratos temporários, com a oportunidade de renda através da iniciativa privada, tendo 63,1% de votos. Em terceiro lugar, com a adesão de 61,5% de votos, está a aplicação dos recursos (royalties) na melhoria de vida dos moradores da região. Dos que escolheram como motivação viver num Estado autossustentável que contribui para o crescimento do país e não mais mendiga recursos federais somam 55,4%. Aqueles que se identificaram com a motivação de ver o Brasil prosperar a partir de sua fronteira norte, a partir de onde ele começa, somam 47,7%, seguidos de 44,6%, com a motivação de transformar o Estado com ciência, tecnologia, inovação e prosperidade para o seu povo, e 29,2% apontaram a motivação de ser um(a) empreendedor e prosperar, gerando riquezas e empregos ao povo do Amapá.
Pelas respostas colhidas, a motivação maior se concentra nos ganhos coletivos e não em benefícios pessoais, o que é um bom sinal de que pessoas mobilizadas com uma motivação que abrange múltiplos benefícios que podem ser partilhados com todos, tendem a não desistir e a encontrar eco em suas reivindicações perante os órgãos responsáveis por gerir esse desenvolvimento.
Perguntados sobre o que estão dispostos a fazer daqui para frente para que essa transformação traga benefícios permanentes, 60,9% disseram que estão dispostos a estudar e divulgar mais o assunto para estimular os demais a se engajarem nessa jornada. Em segundo lugar, dentro das escolhas múltiplas, com 57,8% de votos, está cobrar das autoridades um plano para curto, médio e longo prazo, que garanta o desenvolvimento permanente da região. Em terceiro lugar, sendo a escolha de 51, 6% das pessoas, está cobrar, das autoridades, medidas para preparar mão de obra qualificada e priorizar o morador da região. Dos que escolheram também se preparar profissionalmente para ocupar vagas de emprego ou empreender somam 34,5% e 29,7% escolheram se comprometer em fiscalizar, permanentemente, os órgãos responsáveis pela aplicação dos recursos.
Ao final da pesquisa, deixamos uma pergunta aberta: "Escreva o que você deseja falar a respeito do assunto, que não foi contemplado nas perguntas anteriores. Sugestão, preocupação, crítica, agradecimento. Segue abaixo, o registro de algumas colaborações.
"Quero, primeiro, parabenizar a iniciativa e aprendi muito, só com esse pequeno questionário super inteligente acerca do petróleo que, para mim, já foi uma aula. E segundo, quero dizer que muito me alegro em vê que está vindo um novo tempo para o povo do Amapá. Que Deus nos abençoe". Josiane do Espírito Santo. Setor de serviços. Macapá-AP.
"Boa iniciativa ao gerar discussão em torno do assunto "exploração do petróleo", pois povo com conhecimento fiscaliza e cobra as autoridades". Sol Moramay . Servidora pública. Macapá-AP.
"O petróleo é um dos principais motores da economia global. Ele não apenas fornece energia, mas também serve como matéria-prima para uma ampla variedade de produtos. Claro que causará um impacto no meio ambiente, mas o controle e alternativas serão urgentes e necessários para um controle de riscos ao meio ambiente com regras e normas rígidas de proteção e qualidade para que os danos sejam mínimos, haja visto o grande crescimento no PIB da região". Izolda Barbosa. Consultora contábil. Macapá-AP.
"Petróleo é uma fonte de energia e matéria-prima fundamental para a sociedade, sendo indispensável para o cotidiano humano! Precisamos dos produtos derivados do petróleo todos os dias e, se temos, não precisaremos comprar de outro lugar. Michel Rodrigues. Servidor público. Macapá-AP
"Esse assunto é de suma importância local. Entretanto, é necessário políticas internas acerca da corrupção nos órgãos competentes pelo recebimento e aplicação das verbas destinadas/recebidas, futuramente. O que pode ser o motivo de desenvolvimento e prosperidade local, também pode ser palco de corrupção, desvios e enriquecimento ilícito". Antônio dos Santos. Servidor público.
"Minha preocupação com um projeto de tamanha envergadura, é que os moradores locais vendam suas residências por “propostas tentadoras”, passando a morar em vilas, como aconteceu na comunidade do Ariri, cujas casas localizadas à beira rio não pertencem aos ribeirinhos". Edson Cornélio Rocha. Servidor público.
"Gostaria de dizer às autoridades que deixem o poder de decisão ao povo que mora no Amapá. Somente eles sabem o sofrimento que estão passando com a falta de recursos. Não queremos ser pobres , quando temos a oportunidade de sermos ricos"! Neuraci de Morais. Servidora pública. Distrito do Cachaço. Serra do Navio.-AP
"Discutir com a bancada do Amapá ( deputados e senadores) o que eles têm feito para viabilizar esse projeto de exploração, visto que há uma eleição a caminho e precisamos saber quem é contra e quem é a favor e quais propostas eles dispõem para a população. Tudo é vontade política". Mizael. Formador de opinião. Macapá-AP
O que podemos constatar, como resultado dessa importante pesquisa, é um sentimento coletivo de conscientização em busca da dignidade do povo do Amapá, sendo a exploração do petróleo nessa região, algo urgente, que não pode ser adiado ou utilizado como moeda política. Há oitocentos e três mil brasileiros que moram no Amapá e não podem mais viver da contemplação da natureza, passando fome, mendigando benefícios sociais e reféns de maus políticos cujo modus operandi para se manterem no poder é se aproveitarem dessa miséria, através da compra de votos. Além do mais, não é apenas o desenvolvimento do Amapá que está em jogo, mas a soberania e a segurança energética do país.
A maioria dos ativistas da causa pró-petróleo nutrem um desejo comum de também haver uma mudança nas escolhas políticas do povo, a partir do momento que ele consegue colocar a comida na sua mesa através do seu trabalho. Um povo verdadeiramente livre é aquele que tem liberdade econômica para votar nos candidatos que representam seus valores e princípios e isso parece utopia, em se tratando dos eleitores do Amapá. Mas é preciso essa movimentação hoje, para que a sociedade colha os frutos amanhã ou algum dia, quando não estivermos mais aqui.
O movimento popular segue forte, e seu desafio mais recente é lotar a Assembleia Legislativa do Amapá no Seminário Prepara Amapá, nesta sexta-feira, 14 de março, que abordará as oportunidades para o Estado que serão geradas a partir da exploração sustentável de petróleo e gás na Margem Equatorial. Interessados precisam fazer a inscrição pelo site da ALAP. Também, de 09 a 11 de abril, a Comissão Especial de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis - CPGNB-OAB/AP fará o 1° Congresso de Petróleo e Gás do Amapá, com autoridades, empresários e representantes da sociedade civil com o intuito de fomentar o debate sobre o desenvolvimento do Estado, nesse setor.
Daqui para frente, a agenda sobre o tema, no Amapá, tende a ser intensa, pois o sentimento geral é de que o Estado não pode mais esperar e já está muito atrasado, comparado, por exemplo, a Guiana Inglesa e o Suriname, cuja população está prosperando com a atividade de exploração de petróleo. Fato incontestável, que causa ainda mais indignação diante de burocracias e narrativas impostas por interesses internacionais para impedir o Brasil de ter segurança energética e de se tornar um dos maiores detentores de riquezas advindas dessa fonte de energia que, ao contrário do que tenta impor a seita xiita ambientalista desprovida de senso de realidade, está muito longe de ficar no passado, se é que algum dia ficará.
Adriana Garcia
Jornalista na Amazônia