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 trump lula

As sanções que são dadas às ditaduras chegaram ao Brasil que insistem em chamar de democracia

Diante da gritaria de “soberanistas” de ocasião, que afirmam que as tarifas impostas por Trump ferem a soberania brasileira, resolvi recorrer ao bom e velho Google para revisar o significado de “soberania”. O título deste artigo nasceu dessa busca. Afinal, será que Trump representa uma ameaça à nossa soberania — ou, paradoxalmente, sua ação é um chamado para que o Brasil volte a ser soberano?

A pergunta é provocativa, mas essencial: alguém pode tirar de nós aquilo que já não temos? Talvez o mais cômodo seja encontrar um culpado — coisa que o atual presidente Lula sabe fazer com maestria. Porém, os fatos exigem honestidade: não somos hoje um país soberano.

1. SOMOS INDEPENDENTES?

A independência é o primeiro pilar da soberania. O Brasil, hoje, pode se considerar independente? O país consegue sobreviver a um tarifaço internacional? Ou a um governo que cogita IPVA até para bicicletas?

Se o agronegócio — motor da economia nacional — depende de fertilizantes estrangeiros, mesmo tendo reservas internas, mas não podendo produzi-los, isso é autossuficiência?

Além disso, estamos completamente submissos a ONGs internacionais que ditam as regras no Ministério do Meio Ambiente, no Ibama e no ICMBio, impedindo a exploração sustentável das nossas riquezas. Abrimos mão da independência voluntariamente, em nome de um projeto globalista que transforma o Brasil em vassalo de interesses externos.

2. CUMPRIMOS NOSSAS PRÓPRIAS LEIS?

Outro pilar da soberania é o respeito às próprias leis. E nesse quesito, vivemos uma tragédia institucional.

O país mergulhou em insegurança jurídica. Órgãos públicos estão aparelhados e a Constituição tem sido ignorada. O exemplo mais emblemático foi a cassação da então presidente Dilma Rousseff, que, mesmo após perder o mandato, não foi impedida de concorrer — uma manobra que contou com o aval do então presidente do STF, Ricardo Lewandowski, hoje Ministro da Justiça.

Veio então a prisão do deputado Daniel Silveira, ignorando o artigo 53 da Constituição. O perdão presidencial concedido por Bolsonaro — previsto e permitido na Constituição — foi simplesmente anulado por um ministro do Supremo.

Desde 2019, o chamado “inquérito do fim do mundo” transformou a Corte Suprema em delegado, promotor e juiz ao mesmo tempo. O processo não tem fim, não tem limites e pode incluir qualquer cidadão ao bel-prazer de quem o conduz.

O 8 de janeiro escancarou a face sombria do sistema: prisões em massa sem defesa, sem julgamento justo, sem individualização de penas. Mulheres, idosos, mães, trabalhadores comuns — todos foram tratados como inimigos do Estado, com direito até a mortes sob custódia, como o caso do Clezão.

O país assistiu, em silêncio, à criminalização de quem protestava e à canonização de quem perseguia. Vítima, juiz e testemunha tornaram-se uma só pessoa. Um teatro jurídico onde o roteiro já está escrito: condenar o adversário político para 2026 e calar a direita no Brasil.

3. O GOVERNO PROTEGE SEU POVO?

Soberania também se expressa na proteção ao seu povo. Mas o que vemos é o contrário.

A economia sufoca os mais pobres, empurra a classe média para a informalidade e confisca, por meio de impostos, até o direito à sobrevivência.

O campo está sitiado: produtores rurais são tratados como criminosos, seu gado é expropriado pelo Estado, suas terras confiscadas por decisões administrativas. E enquanto isso, o governo faz reuniões com chefes de facções, criminaliza policiais e solta bandidos.

Benefícios sociais são cortados, aposentados são roubados, e cidadãos comuns são tratados com desprezo por aqueles que usam aviões da FAB para compras pessoais ou para resgatar foragidos em vez de brasileiros em zonas de guerra.

4. DEFENDEMOS A DEMOCRACIA?

Democracia, para existir, exige respeito à vontade popular. Mas aqui, isso virou apenas um slogan vazio. O povo pediu eleições com voto impresso, auditável e com contagem pública, como prevê a Constituição — foi ignorado e criminalizado como atentado contra o estado de direito.

Redes sociais foram censuradas, vozes discordantes silenciadas. Tudo isso em nome de uma suposta defesa da democracia, mas que na prática representa o avanço de um modelo autoritário e centralizador.

Navios iranianos atracados no Rio, urânio brasileiro entregue a grupos suspeitos, apoio diplomático ao Hamas e Hezbollah, venda de grandes áreas de terras à China, presença russa no Amapá... tudo isso mostra que nossa soberania nacional está sendo negociada por decisões e omissões do próprio governo.

A SOBERANIA FOI ENTERRADA AQUI DENTRO

Soberania exige independência, respeito às leis, proteção ao povo e defesa da democracia. O Brasil não cumpre nenhum desses critérios, hoje.

E não é culpa de Trump, nem de Bolsonaro. A implosão da soberania foi comandada aqui dentro, por brasileiros que ocupam o Legislativo, o Executivo, o Judiciário e até a imprensa, mas que traíram o próprio país.

A verdade é dura, mas necessária: a maior ameaça à soberania do Brasil não vem de fora. Ela já se concretizou, e nasceu de dentro. Ninguém pode tirar o que já não se tem.

Que esse tarifaço sirva, ao menos, como alerta. Que desperte os que ainda dormem, que quebrante os corações endurecidos, e que nos leve a lutar por um futuro onde possamos dizer, sem ironia: "O Brasil é, de fato, um país soberano."

Adriana Garcia

Jornalista na Amazônia

www.palavrasdeadrianagarcia.com

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